Amarelo, Vermelho, Azul é uma pintura de Wassily Kandinsky e pertence ao abstracionismo, movimento iniciado por ele no início do século XX.
A nível de dimensões e do significado, esse quadro aproxima-se das composições mais importantes de Kandinsky, pelas quais exprimiu o conjunto dos seus esforços artísticos. Enquanto metade esquerda do quadro parece clara e leve, de composição gráfica e retilínea, a metade direita revela, sobretudo, os reflexos pictóricos, as cores escuras, pesadas, bem como em suas formas elementares coloridas. Assim, a cor azul está reservada ao círculo, a forma mais perfeita e mais harmoniosa das figuras geométricas elementares. O amarelo-claro e luminoso, enquadrado do lado esquerdo por um retângulo, contrasta com ela. A linha negra em forma de serpentina, que se lança através do quadro, evoca as composições anteriores de “Der Blaue Reiter” (O Cavaleiro Azul).
Nessa bela obra, Kandinsky mescla as cores primárias de amarelo, vermelho e azul em complexas nuvens de cor. Esses recursos parecem ilógicos – as cores se sobrepõem e se cruzam sem um padrão, e não formam objetos claramente identificáveis. Em muitos aspectos, essa liberdade de movimento foi uma síntese dos muitos novos movimentos artísticos em erupção na década de 1920. Movimentos como o Suprematismo Russo e a escola alemã Bauhaus foram revolucionários, cativando o mundo artístico com suas destemidas composições abstratas. No entanto, isso não quer dizer que ele tenha apenas retirado fragmentos de ideias de seus contemporâneos para criar sua obra-prima. O artista era um inovador por si só e, de fato, pretendia fazer algo absolutamente único.
Kandinsky era fascinado pela associação entre cor e música, chegando mesmo a compor música para suas pinturas. Através de seu fluxo aparentemente infinito de cores difusas e opostas, o artista procurou representar sons musicais. Assim como um músico pode provocar uma resposta emocional de um espectador com apenas sons, Kandinsky esperava produzir uma arte que aludisse às emoções sem a influência constrangedora de objetos definidos e limites físicos.
Amarelo-Vermelho-Azul, Kandinsky nos convida a experimentar uma sinfonia de estilos artísticos da época. Este é um trabalho em que as técnicas da Bauhaus, as idéias suprematistas e a própria teologia artística se casam juntas. Nesse matrimônio, as formas se tornam imagens celestiais, desaparecendo e reaparecendo à medida que elas fluem pela tela, mudando de cor e lutando entre si pelo domínio. Pode-se claramente experimentar a crença de Kandinsky de que formas e cores tinham a capacidade única de explicar o invisível e o imperceptível. Como o próprio artista escreveu certa vez: “A criação de uma pintura é a criação de um mundo.”
TÍTULO – Amarelo, Vermelho, Azul
AUTOR – Wassily Kandinsky
ANO – 1925
TÉCNICA – Óleo sobre Tela
DIMENSÃO – 127×200 cm
LOCALIZAÇÃO – Museu Nacional de Arte Moderna, Centro Georges Pompidou – Paris, França