Antoine Watteau e o Rococó

Antoine Watteau foi um influente pintor francês, conhecido por sua contribuição ao movimento artístico Rococó e por sua representação de cenas galantes e festivas. Ao longo de sua carreira, Watteau desenvolveu um estilo distinto, caracterizado por seu delicado tratamento da luz, sua capacidade de capturar a atmosfera e seu foco em cenas da vida cotidiana, especialmente aquelas relacionadas à aristocracia e à alta sociedade.

BIOGRAFIA

Jean-Antoine Watteau nasceu em 10 de outubro de 1684 em Valenciennes, uma cidade no norte da França. Era filho de Jean-Philippe Watteau e de Michele Lordenois. Seu pai era um fabricante de têxteis e o seu interesse pela arte manifestou-se desde cedo.

Em 1702, Watteau trocou Valenciennes por Paris para iniciar seu verdadeiro treinamento em arte. Neste período, os maiores pintores daquela geração, incluindo Charles Lebrun e Pierre Mignard, estavam mortos, e o único gênero lucrativo remanescente era o retrato, que nunca foi sua preferência. Ele era um jovem reservado, sem educação formal ou ligação social, mas era muito inteligente, curioso, observador e tinha bom gosto. Amava música, ópera e balé, era um leitor entusiasta e católico e, mais importante, não tinha intenção de regressar a Valenciennes.

Por volta de 1704, tornou-se aprendiz de Claude Gillot, pintor e cenógrafo, onde adquiriu habilidades na criação de cenários teatrais, o que influenciou seu estilo artístico. Tal aprendizado se revelaria essencial para o desenvolvimento de seu estilo e tema. Gillot, um designer inovador, com um sentido de linha brilhante, era mais um desenhista do que um pintor. Ele também era um estranho, socialmente desajeitado e atraído por motivos excêntricos, no entanto, seus desenhos sinuosos de arabescos e especialmente seus temas teatrais cativaram o jovem artista. Gillot ganhou fama com seu senso acrobático de linha, colorismo delicado e motivos espirituosos, mas logo viu seu aluno superá-lo, e os dois homens se separaram.

Por volta de 1708, Watteau entrou então no estúdio de Claude Audran III, um dos principais pintores e decoradores do rei. Audran deu a Watteau acesso frequente para estudar essas obras, e a cor e a energia turbulentas do mestre flamengo informaram profundamente sua imaginação. Da mesma forma, à medida que Watteau progredia como pintor decorativo, ele aprendeu a trabalhar rapidamente, desenvolvendo um senso aparentemente espontâneo de linha e motivo, que, em suas pinturas posteriores de cavalete, evoluiu para sua pincelada cintilante distinta.

Em 1709, ele deixou o estúdio de Audran e não se sabe ao certo por quanto tempo  continuou a produzir pinturas decorativas. Acredita-se que Watteau vendeu uma de suas pinturas para financiar uma viagem à sua terra natal.

Em seu retorno a Valenciennes, conheceu e fez amizade com Antoine de la Roque, futuro diretor da importante revista literária Mercure de France. Durante sua estada, ele também se reconciliou com Jean-Baptiste Pater, que havia sido seu aluno e a quem Watteau tratou muito mal. Quando voltou a Paris em 1712, trouxe Pater com ele.

Em 1717,  foi admitido na Academia Real de Pintura e Escultura, tornou-se acadêmico titular com sua pintura Peregrinação à Ilha de Citera, e apresentou trabalhos no prestigiado Salão de Paris.

Peregrinação à Ilha de Citera. Antoine Watteau. 1717 – Óleo sobre tela (129 x 194 cm) – Localização: Museu do Louvre, Paris

A carreira de Watteau foi meteórica tanto em sua popularidade quanto em seu desenvolvimento artístico. Em apenas quinze anos, ele foi notavelmente produtivo, e sua obra existente inclui cerca de 200 óleos, muitos dos quais também são preservados em gravuras e cópias.

Em 1719, Watteau, que nunca teve uma saúde boa, estava gravemente doente com tuberculose. Há relatos de que ele tenha sido infectado em Londres, quando viajou para lá naquele ano para pintar dois quadros para Richard Mead, médico e colecionador. Outros afirmam que ele viajou para Londres especificamente para buscar tratamento com Mead.

Em 1720, regressou a Paris, onde viveu vários meses com Gersaint, o marchand para quem trabalhou no início da sua carreira. No final das contas, ele esperava se recuperar o suficiente para retornar a Valenciennes, talvez sentindo que morreria em breve, porém, ele nunca recuperou forças para voltar para sua terra natal.

Em 1721 sua saúde deteriorou-se rapidamente devido à tuberculose e ele morreu aos 36 anos no dia 18 de julho do mesmo ano.

LEGADO

Watteau é considerado um dos precursores do movimento Rococó, que se caracterizou pela ênfase na elegância, leveza e sensualidade. Suas principais obras refletem essas características. Artista profundamente sensual, nunca se casou, não tinha amantes conhecidos, mas suas cenas de amor – mesmo as mais teatrais – são sutis e perspicazes. No mundo de Watteau, o amor é uma verdadeira utopia: ao mesmo tempo o melhor lugar para estar e o lugar onde não pode estar.

Watteau influenciou vários artistas posteriores, incluindo Jean-Honoré Fragonard e François Boucher. Seu foco em cenas de vida galante e na representação de belezas efêmeras fizeram dele uma referência na arte rococó.

A obra de Antoine Watteau deixou uma marca duradoura na história da arte. A sua capacidade de transmitir graça e elegância nas suas pinturas, bem como a sua influência na representação da sociedade aristocrática da época, fazem dele um dos pintores mais destacados do Século XVIII.

GALERIA

Oníricas, idealizadas e totalmente românticas, as alegorias do amor cortês de Watteau estão, no entanto, livres do sentimentalismo e da beleza geralmente associados ao Rococó. Seu senso de mistério e reticência deriva em parte da técnica de Watteau, que empregava fundos amarelos claros ou esbranquiçados, pinceladas tremeluzentes e várias camadas de esmalte fino.

A Escala do Amor

A Escala do Amor. Antoine Watteau. 1715 – Óleo sobre tela ( 51,3 x 59,4 cm) – National Gallery

Diana no Banho. Antoine Watteau. 1716

A Aula de Amor

A Aula de Amor. Antoine Watteau. 1716

Gilles

Não está claro por que e para quem Watteau pintou este quadro. Várias teorias argumentam que foi encomendado a um cliente que simplesmente amava a Commedia dell’arte e talvez admirasse um ator específico. A figura foi representada quase em tamanho real, envolto em um traje de cetim branco brilhante. Sua expressão melancólica e presença monumental, vistas ligeiramente de baixo, são totalmente frontais, sugerindo que a figura pode ter sido pintada a partir da vida, e não da imaginação do artista

Gilles. Antoine Watteau. 1718 – Óleo sobre tela ( 184 x 149 cm) – LOCALIZAÇÃO: Museu do Louvre, Paris

Os Comediantes Franceses

Watteau ficou fascinado pelo teatro, balé e ópera durante seu primeiro treinamento em Paris com Claude Gillot, cenógrafo, ilustrador e fã fervoroso da commedia dell’arte. As tensões entre realidade e ilusão, psicologia e artifício, que Watteau experimentou como parte do público, moldaram cada vez mais seu estilo e imaginação, e seus temas teatrais, que sempre mantêm um leve sentimento de melancolia ou saudade, inspiraram obras semelhantes de outros pintores rococós.

Os Comediantes Franceses. Aintoine Watteau. 1720
“Acredito que a Arte está em tudo no que nos rodeia, basta um olhar sensível para apreciar e usufruir das diferentes manifestações artísticas. A Arte é a grande e bela ilustração da vida.”

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