Autorretratos de Frida Kahlo

Convido você a explorar os autorretratos de Frida Kahlo, uma série de obras que revelam a vida intensa e as emoções profundas da artista mexicana. Kahlo pintou cerca de 55 autorretratos ao longo de sua vida, usando a arte como meio de expressar suas dores físicas e emocionais, suas lutas políticas e sua identidade cultural. Suas pinturas são marcadas por cores vibrantes, simbolismo poderoso e um olhar direto e penetrante. Ao observar os autorretratos de Frida Kahlo, somos convidados a entrar em seu mundo interior, a sentir sua dor e sua paixão, e a admirar sua coragem e sua força diante das adversidades. Suas obras continuam a inspirar e emocionar pessoas em todo o mundo, tornando-a uma das artistas mais influentes e admiradas do século XX.

Autorretratos de Frida Kahlo

Magdalena Carmen Frieda Kahlo y Calderón, ou simplesmente Frida Kahlo, referência da cultura mexicana, sua herança materna indígena e o feminismo são temas muito abordados em sua obra.

Assim como muitos artistas que deixaram sua marca na história da arte pelo trabalho que fizeram nas diferentes modalidades artísticas, Frida foi além. Sua obra e sua história estão nos inúmeros autorretratos pintados que expressam sua luta para permanecer viva e conseguiu…. sua obra é eterna.

Frida Kahlo teve na dor sua matéria. A paixão pela vida num turbilhão de sentimentos expressas em seus inúmeros autorretratos. Sua obra, mesmo melancólica irradia calor e vida. Mas o que mais encanta e nos intriga, é que apesar de  tanto sofrimento ela nunca se vestiu de luto, Frida era colorida, preferia se vestir de flores.

Ao contrair  poliomielite aos seis anos de idade, infelizmente ficou com uma sequela no pé direito, com isso fez que ela passasse a usar calças por um período de sua vida, mas foram as longas saias estampadas que fez de Frida sua marca pessoal tornando uma referência no mundo da moda.

Esse é um dos seus primeiros autorretratos em que Frida estava usando um vestido de veludo vermelho vinho e é considerado um de seus mais belos. Ela o enviou para Alejandro, seu namorado na época e esperava que ele a mantivesse em sua mente. Alejandro viajou para a Europa em março de 1927 porque seus pais não queriam que ele ficasse com Frida. Ela escreveu muitas cartas depois que eles se separaram. E alguns meses depois de esperar por ele, ela escreveu a carta com referência a este autorretrato: “Você não pode imaginar como é maravilhoso esperar por você, serenamente como no retrato“. Era óbvio que Frida esperava que seu autorretrato tivesse o poder mágico que pode reconquistar seu amor.

Autorretratos de Frida Kahlo
Autorretrato – fronteira do México e Estados Unidos. 1932
Autorretrato com Vestido de Veludo. 1926

O QUE A ÁGUA ME DEU

Temos nessa pintura, que na verdade é mais um autorretrato de Frida, com uma avalanche de sentimentos que nos apresenta simbolicamente as alucinações e fantasias vividas por ela. Na água os fatos estão todos lá. Desde o acidente  marcante quando ela tinha quinze anos, a manteve na cama durante anos,  sua recuperação, sua bissexualidade assumida, a decepção com o amor frustrante vivido com o pintor muralista Diego Rivera,  do amante Leon Trotsky, toda a dor vivida com os abortos sofridos, dos filhos que não teve, a amputação, enfim.  Todos os elementos marcantes em sua vida, que vão de encontro com a sua obra, estão flutuando na água comandados pelos pés deformados.

Essa pintura é considerada por muitos estudiosos da obra da artista, como sendo a mais surrealista de todas, assim como a mais complexa que nos dá a possibilidade de diferente formas de interpretações.

Autorretratos de Frida Kahlo
O que a Água me deu. Frida Kahlo. 1938

Frida tinha uma feição única e peculiar, diferente da mulher  comum. Suas fartas e unidas sobrancelhas negras, nunca deixou de demonstrar em seus autorretratos, assim como o buço que  ela também não escondia e sempre a acompanhou.
Surrealista? Quando classificavam sua obra como sendo desse movimento, a artista negava, dizia que não pintava sonhos. Mas é comum encontrarmos símbolos e a magia dos sonhos em sua pintura, nos dando inúmeras possibilidades de interpretação.

Autorretrato com Bonito Papagaio e Borboleta. Frida Kahlo. 1941

Nessa pintura, Frida está com um traje masculino, vestida assim renuncia toda sua feminilidade como se apresenta. Após separar-se do marido, Diego Rivera, podemos observar em seu olhar que toda dor causada com isso, traduzem esse sofrimento. A frase existente na parte superior do quadro, são versos de uma canção mexicana: “Olha, eu te amei, foi por causa do seu cabelo; agora que você é careca, eu não te amo mais.”

Autorretratos de Frida Kahlo
Autorretrato com o cabelo cortado. Frida Kahlo. 1940

Em A Coluna Partida, Frida expressou sua angústia e sofrimento da maneira mais direta e horripilante. As unhas estão cravadas em seu rosto e corpo inteiro. Uma rachadura em seu torso parece uma fissura de terremoto. Ao fundo está a terra com ravinas escuras. No começo ela se pinta nua, mas depois cobre a parte inferior com algo que parece um lençol de hospital. Uma coluna quebrada é colocada no lugar de sua espinha. A coluna parece estar à beira de desabar em escombros. Penetrando da cintura até o queixo, a coluna parece fálica, e a conotação sexual é ainda mais óbvia por causa da beleza dos seios e do torso de Frida.  Embora todo o seu corpo seja sustentado pelo espartilho, ela transmite uma mensagem de triunfo espiritual. Ela tem lágrimas no rosto, mas olha para a frente e está desafiando a si mesma e ao público a enfrentar sua situação.

A Coluna Partida. Frida Kahlo. 1944

Dor e sofrimento são temas constantes na pintura de Frida. Em “O Veado Ferido”, Frida se representa em um corpo de um veado macho. Com o corpo perfurado por flechas que identificam suas feridas físicas e afetivas, expressando profunda dor em seu rosto.

Autorretratos de Frida Kahlo
O Veado Ferido. 1946

Na pintura, Diego e Eu,  Frida está com cabelos soltos em volta do pescoço, o que indica estrangulamento. Ela perdeu sua máscara de reserva. É óbvio que a causa de sua angústia é seu marido Diego, para o qual suas sobrancelhas servem de plataforma. E um terceiro olho, que alude à agudeza mental e visual predominante de Rivera, se abre na testa de Frida. Da pirâmide de cinco olhos que é colocada nessa pintura, apenas os de Frida se encontram.

O fato de Rivera estar sempre nos pensamentos de Frida é revelado também em sua leiteria, grande parte do qual é um poema de amor para ele: “Diego, estou sozinha”. Então, algumas páginas depois: “Meu Diego. Não estou mais sozinha. Você me acompanha. Você me põe para dormir e me reanima.” Outra vez, ela desenhou dois rostos que parecem vasos. “Não chore comigo”, diz um deles. O outro responde: “Sim. Vou chorar com você”. Num momento mais romântico, ela escreveu: “Diego: nada se compara às suas mãos e nada se iguala ao verde-ouro dos seus olhos. Meu corpo se enche de você dias e dias. Você é o espelho da noite. A violenta luz do relâmpago. A umidade da terra. Sua axila é meu refúgio. Meus dedos tocam seu sangue. Toda a minha alegria é sentir sua vida brotar de sua flor-fonte que a minha guarda para preencher todos os caminhos de meus nervos que pertencem a você. “

Diego e Eu. Frida Kahlo. 1949

“O Marxismo trará Saúde aos Enfermos” , é uma de suas últimas pinturas. No último ano de sua vida, Frida encontrava-se muito debilitada, vivia a poder de drogas. Depois de quase um ano sem pintar, encontrava muita dificuldade para se locomover e se movimentar. Com a ajuda de cadeira de rodas, voltou ao seu estúdio com uma faixa para dar sustentação ao seu corpo fragilizado.

O Marxismo trará Saúde aos Enfermos. 1954

A fixação da artista em se autorretratar, tem a influência e a paixão pelo pai. O retrato que ela pintou de Guillermo Kahlo é uma imagem faceta de sua própria personalidade, e dizem que ela pintou a complexa relação entre a fotografia e a pintura na obra de ambos.

Seu pai era fotógrafo, e foi sem dúvida, sua maior influência. Foi ele quem mais a fotografou e sempre a incentivou para a pintura. Escreveu em seu diário:

”Meu pai foi para mim um grande exemplo de ternura, de trabalho… e acima de tudo de compreensão de todos os meus problemas.”

Frida pintando o pai em 1951
Autorretratos de Frida Kahlo
Retrato de Guillermo Kahlo

Autorretratos de Frida Kahlo: GALERIA

Frida era apaixonada por cores. Em um de seus diários, a pintora explica alguns significados e referências das cores em suas obras. Por exemplo, o amarelo representava a loucura, medo e doença, enquanto o azul cobalto significava a eletricidade, amor e pureza.

Sobre suas roupas diferenciadas, para ela eram uma linguagem pessoal e uma forma de se sentir melhor com a doença. Seu estilo preferido e mais representado em suas obras foi o típico mexicano de Tehuantepec. As mulheres desta região viviam em uma sociedade matriarcal e participavam ativamente da Revolução Mexicana, o que evidenciava a postura política de Frida (a favor da independência feminina e nacional). Esse tipo de roupa permitia que ela disfarçasse a perna, consequência da pólio, e o corpo fragilizado pelo acidente e cirurgias.

Ela também era apaixonada por flores, talvez por isso as usasse em seu cabelo. Alguns de seus penteados eram tradicionais tehuanos e outros criados por ela mesma. A mexicana gostava de usar os cabelos presos com tranças, fitas coloridas e enfeitava com rosas, margaridas, crisântemos e brincos de princesa.

Declarou:  “Pinto flores, assim elas não morrem” – Frida Kahlo

O Tempo Voa. 1929
Fulang Chang e Eu. 1937

Escreveu : “A arte mais poderosa da vida é fazer da dor um talismã que cura, como uma borboleta que renasce florescendo num festival de cores!” – Frida Kahlo 

Autorretrato dedicado ao Dr. Eloesser. Frida Kahlo. 1940

“Pinto a mim mesma porque sou sozinha e porque sou o assunto que conheço melhor.”Frida Kahlo

Em 1948, o estado de saúde de Frida piorou e este autorretrato é a única pintura que ela pintou naquele ano. Nele, ela usa o tradicional traje tehuana que Diego Rivera admirava muito. Seu vestido está envolto por um colar de renda que está ocupando todo o espaço e ela parece ficar presa nele. Seu rosto parece calmo e sem emoção, mas há lágrimas em seu rosto.

Ela escreveu: “Todo esse estado de espírito se reflete naturalmente em meus autorretratos,  é a expressão exata de minhas emoções.”

Os Olhos de Frida. 1948. Comovente, lágrimas nos olhos.
“Acredito que a Arte está em tudo no que nos rodeia, basta um olhar sensível para apreciar e usufruir das diferentes manifestações artísticas. A Arte é a grande e bela ilustração da vida.”

Novidades pelo email

Assine nossa newsletter e receba todas novidades por email