Alberto da Veiga Guignard: Biografia e Obra

Alberto da Veiga Guignard é um dos mais importantes artistas brasileiros do século XX, conhecido por suas obras que retratam paisagens brasileiras de forma única e imaginativa. Nascido na Suíça em 1896, Guignard mudou-se para o Brasil ainda jovem e naturalizou-se brasileiro. Sua obra é marcada por um estilo distinto que mescla influências do impressionismo e do modernismo, resultando em pinturas que transmitem uma sensação de encantamento e mistério. Guignard também foi um importante professor, tendo lecionado em diversas instituições de ensino artístico no Brasil. Sua contribuição para a arte brasileira é inestimável, e suas obras continuam a encantar e inspirar pessoas em todo o mundo. Ao explorar a biografia e a obra de Alberto da Veiga Guignard, somos convidados a conhecer não apenas um artista talentoso, mas também um observador sensível e apaixonado pelas paisagens e cores do Brasil.

Alberto da Veiga Guignard nasceu em Nova Friburgo, Rio de Janeiro no dia  25 de fevereiro de 1896. Foi pintor, professor, desenhista, ilustrador e gravador.

Quando Guignard nasceu seus pais se assustaram quando se depararam com o defeito visível em seu rosto, havia uma abertura total entre a boca e o nariz. Mais tarde, os médicos contaram que seu filho tinha o “lábio leporino”, o que causou compaixão e preocupação com o futuro do filho. Na época não existia cirurgia para essa deficiência. Conforme o menino crescia, aumentavam os problemas, na fala, na alimentação e principalmente, na sua auto-estima.

Guignard ficou órfão, perdeu seu pai quando era criança. Em seguida, sua mãe casou-se  com um alemão. Tratava-se de um barão bem mais jovem que ela. Em 1907, a família mudou para a Alemanha, fixando residência lá.

Percebendo o seu talento artístico, sua família o matricula na Real Academia de Belas Artes de Munique (Königliche Akademie der Bildenden Künste) onde estuda com 

Guignard viveu no velho continente dos 11 aos 33 anos. Pouco se sabe desse grande período que  viveu na Europa. Parece que se casou e se separou no dia do casamento. Participou de salões de arte importantes e foi o primeiro brasileiro a participar da Bienal de Veneza. Os catálogos constam seu nome, mas não se tem o registro das obras.

Após os falecimentos consecutivos de sua mãe e a única irmã e com o aprendizado técnico concluído, volta definitivamente ao Brasil em 1929  fixando residência na então Capital do país, a cidade do Rio de Janeiro, sua cidade natal.  Instala seu ateliê no Jardim Botânico e realiza uma série de trabalhos sobre o Rio de Janeiro.

Recebe o 2º prêmio no Salão Oficial de Buenos Aires com a obra Bambu. Através do artista modernista Ismael Nery, que o integra no cenário artístico e cultural e conhece figuras de destaque como o escritor Mário de Andrade.

Em 1931, participa do Salão Revolucionário onde é destacado como uma das revelações da mostra.

De 1931 a 1943, inicia sua carreira de professor de desenho e gravura no Rio de Janeiro, na Fundação Osório.

Entre 1940 e 1942,  pinta paisagens em Itatiaia, local em que viveu nesse período.

Em 1941, integra a Comissão Organizadora da Divisão de Arte Moderna do Salão Nacional de Belas Artes, com Oscar Niemeyer e Aníbal Machado .

Em 1943, cria o Grupo Guignard a partir de um grupo de alunos interessados em ter aulas no seu ateliê sob sua orientação.

Em 1944, a convite do prefeito Juscelino Kubitschek , transfere-se para Belo Horizonte no intento de fundar a primeira instituição educacional voltada para as artes plásticas de Minas, a Escola Municipal de Belas Artes de Belo Horizonte, implantando ao mesmo tempo a primeira Exposição de Arte Moderna na capital mineira naquele ano. Começa a lecionar e dirigir o curso livre de desenho e pintura da Escola de Belas Artes, por onde passam Amilcar de Castro , Farnese de Andrade  e Lygia Clark , entre outros.

Permanece à frente da escola, em sua homenagem, esta passa a chamar-se Escola Guignard.

Viveu Guignard naquela região nos dezessete anos subsequentes, tirando dali inspiração para uma variada série de obras de cunho paisagístico, entre rascunhos, desenhos, pinturas a óleo sobre tela ou sobre madeira, bem como desenhos e pinturas retratando pessoas com quem conviveu ou encontrou esporadicamente.

Faleceu em Belo Horizonte, Minas Gerais, em 26 de junho 1962. Seu corpo repousa na Igreja de São Francisco de Assis em Ouro Preto, cidade que tinha uma paixão especial e que foi cenário de várias de suas obras. Amou tanto que lá foi fundado o Museu Casa Guignard, além das obras, é possível encontrar fotos e objetos pessoais do artista.

Alberto da Veiga Guignard - Paisagem de Ouro Preto
Paisagem de Ouro Preto. 1960

Guignard e Ouro Preto

Encantado pela paisagem das cidades históricas de Minas, Guignard mitificou o tema numa obra que se impôs ao respeito e admiração do Brasil. O sobrado onde foi instalado para funcionar o museu, pertence ao IEPHA desde 1974 e foi cedida à Secretaria de Estado de Cultura de Minas Gerais para ser sede do museu.

O Museu foi inaugurado em 1987 e integra a Sistema Operacional da Secretaria de Estado da Cultura de Minas Gerais, através da Superintendência de Museus, instalado em edificação histórica no centro de Ouro Preto. Seu acervo reúne obras do autor e peças que ilustram sua vida e oferecem visão ampla sobre a trajetória do mestre. Exposições temporárias, pesquisa e ação educativa dinamizam o espaço cultural.

LOCALIZAÇÃO: Rua Conde de Bobadela (Rua Direita), 110Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil

Alberto da Veiga Guignard - Casa Museu Guignard
Casa Museu Guignard em Ouro Preto

CARTAS PARA AMALITA, SEU AMOR PLATÔNICO

A vida de Guignard é repleta de episódios pitorescos e melancólicos. Em 1932, aos 36 anos de idade, conheceu em um concerto do Theatro Municipal a estudante de música Amalita Fontenelle, onze anos mais jovem. Durante cinco anos Guignard escreveu para a sua paixão platônica, cartões e mais cartões em praticamente todas as datas comemorativas. Cartões desenhados e contornados por frases de amor, dedicatórias e poesias. Chegaram a trocar cartas, mas os cartões nunca foram enviados. Aproximadamente 120 cartões foram reunidos em um álbum e doado, ainda em vida, para o poeta Oswald de Andrade. Hoje fazem parte do acervo da Casa Guignard em Ouro Preto e refletem a timidez de Guignard para expressar os seus sentimentos.

Alberto da Veiga Guignard e sua obra:

Pintura de Guignard quando ele tinha 12 anos, de 1908

Guignard, sem deixar de ser um artista de seu tempo é dono de uma técnica peculiar.  De formação clássica, mas com uma vivência profunda e pessoal dos movimentos modernos da arte européia dos anos em que lá estudou, adquiriu e aprimorou um estilo próprio e inconfundível em seus desenhos, traçados e pinturas, que desde o início de seu restabelecimento no Brasil no ano de 1929 o tornaram conhecido e invejado no meio artístico e acadêmico.

Guignard foi um grande retratista. Até hoje seu acervo não foi catalogado mas estima-se mais de 700 retratos e um total de mais de 2.000 obras. Era um pintor compulsivo, como Portinari, pintava o tempo todo.

Em seus autorretratos, não deixa de evidenciar o defeito congênito que acabou aceitando e convivendo com isso, o lábio leporino.

Autorretrato, Guignard (1940) [Coleção Museu Nacional de Belas Artes RJ]

A pintura de Guignard tem um caráter decorativo acentuado, como podemos observar nas obras Os Noivos e Festa em Família, repletas de arabescos e outros motivos.

Os Noivos. Alberto da Veiga Guignard. 1927

Encontramos na obra de Guignard um lirismo único em nossa modernidade. Suas paisagens que muitas vezes parecem flutuar, como se a arte flagrasse o momento em que as coisas surgem, antes mesmo de encontrarem seu lugar definitivo na pintura.

Alberto da Veiga Guignard - Paisagem
Paisagem. Alberto da Veiga Guignard. 1947
Festa em Família. 1951

A Execução de Tiradentes – Obra encomendada a Guignard pelo então Presidente da República na época, Juscelino Kubitschek. A obra apresenta o estilo único do mestre, apresentando suas paisagens imaginantes no fundo dessa cena histórica onde levou  a morte por enforcamento, Joaquim José da Silva Xavier que era conhecido como Tiradentes

Alberto da Veiga Guignard - A execução de tiradentes
A Execução de Tiradentes. 1961. Óleo sobre Madeira (60 x 80cm) – Coleção particular

No final de sua carreira, Guignard pinta as “paisagens imaginantes”. Nelas, sua palheta volta-se para um cinza esbranquiçado onde tudo parece estar em suspensão, sem solo ou pontos de apoio firmes. Não há caminhos, acidentes geográficos nem distâncias.

Alberto da Veiga Guignard - Fantasia de Minas
Fantasia de Minas (paisagem imaginante). Alberto da Veiga Guignard (1955)
“Acredito que a Arte está em tudo no que nos rodeia, basta um olhar sensível para apreciar e usufruir das diferentes manifestações artísticas. A Arte é a grande e bela ilustração da vida.”

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