Carybé: Biografia e sua obra

Hector Julio Páride Bernabó, mais conhecido como Carybé,  é considerado um dos mais importantes pintores brasileiros – o nome Carybé deriva de um peixe do Brasil. Ele foi pintor, escultor, gravador, desenhista, oleiro, muralista, pesquisador, historiador e jornalista. Carybé se naturalizou brasileiro em 1957, ficou famoso por suas caracterizações, utilizando diferentes técnicas de pintura com os temas das mulheres negras e mulatas baianas, dos tempos coloniais e da cultura africana no Brasil.

Carybé: BIOGRAFIA

Carybé nasceu na cidade de Lanús, na Argentina no dia 07 de fevereiro de 1911. Ele foi o último dos cinco filhos do casal Enea Bernabó e Constantina González de Bernabó. Quando Hector completara seis meses de idade, sua família mudou-se para a Itália onde permaneceram até 1919, quando seu pai decide voltar para o continente americano, dessa vez para o Brasil onde se estabeleceram no Rio de Janeiro.

Em 1929, a família deixa o Brasil e voltam para a Argentina, com Carybé tendo seus dezoito anos quando fica conhecendo sua terra natal. Mesmo residindo somente por dois anos no Brasil, Hector cursou dois anos a Escola de Belas Artes no Rio de Janeiro.

Carybé

Na década de 1930 estando na Argentina, Carybé e seus irmãos Bernabó foram contratados para um novo jornal  “El Pregón”, cada um em uma função diferente. Demonstrando suas habilidades e conhecimentos artísticos, Carybé foi contratado como desenhista, tendo assim a oportunidade de viajar para diferentes países com a responsabilidade de enviar desenhos e uma breve reportagem sobre os lugares que visitara. Foi nesse período que o artista conheceu sua amada Salvador da Bahia.

A década de 40 foi bem produtiva para o artista, tanto no campo pessoal como profissional. Carybé realiza diferentes exposições entre a Argentina e o Brasil. Em 1946 casa-se na Argentina com Nancy Colina Bailey e em 1947 nasce em Buenos Aires, seu primeiro filho Ramiro. No final de 1949, Carybé deixa a Argentina e vem morar no Brasil por ganhar uma bolsa de trabalho na Bahia.

Apaixonado pela Bahia, o pintor Carybé  estabeleceu-se definitivamente em Salvador no ano de 1950, local que serviu de cenário para suas mais belas e importantes pinturas.

Em 1952, recebe um convite para realizar um grande trabalho em São Paulo, na produção de um filme de Lima Barreto, no clássico ‘O Cangaceiro’. Nele Carybé atua como diretor artístico, desenhista e figurante.

Em 1953, nasce em Salvador sua segunda filha, Solange.

Em 1955, participa da III  Bienal de Arte de São Paulo, onde recebe o 1º Prêmio Nacional de Desenho e na VI Bienal , ele foi homenageado na Sala Especial no ano de 1961.

Os anos 60 foram de muitas realizações: publica os livros As Sete Portas da Bahia e o Olho do Boi; participa de exposições nas cidades de Bagdá e Roma; produz diferentes painéis em Salvador, Rio de Janeiro e Recife; inicia uma parceria com o escritor Gabriel Garcia Marques como ilustrador oficial dos livros do autor publicados desde então.

Na década de 1970 o artista participa e recebe a medalha de ouro da  1ª Exposição de Belas Artes Brasil-Japão, em São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Tóquio e Osaka; Publica seu primeiro álbum de xilogravuras e passa a ilustrar livros de Jorge Amado; Realiza duas esculturas no Rio de Janeiro para o Aeroporto Internacional do Galeão.

Os anos 80 foram de muitas  premiações e honrarias, iniciando em 1981 quando recebe uma grande comemoração no Largo do Pelourinho em Salvador, pelos seus 70 anos.

Em 1982, a Universidade Federal da Bahia lhe concede o título de Doutor Honoris Causa; no mesmo ano publica em parceria com Rubem Braga, ‘Uma Viagem Capixaba”.

Carybé - Painéis de Carybé
Painéis de Carybé que representam os povos Afros, os Ibéricos e os Libertadores.

Em 1984 participa de exposições no México e Estados Unidos ; Em 1986 é realizada em Salvador uma importante retrospectiva (50 anos ) de sua obra abrangendo o período de 1936 a 1986.

Em 1988, executa juntamente com o artista Poty, um conjunto de seis painéis que fazem parte integrante da decoração do mural de Portinari sobre Tiradentes. Estão localizados no Salão de Atos no Memorial da América Latina, em São Paulo. Os seis painéis em concreto aparente, foram gravados em baixo-relevo, cada um medindo 4,00 x 15,00m. Eles retratam os Povos Pré-Colombianos, os Povos Afros, os Conquistadores, os Imigrantes, os Libertadores e os Edificadores.

 Em 1989, realiza uma grande mostra individual no Museu de Arte de São Paulo (MASP) onde lança também o livro ‘Carybé’.

Durante a década de 90, mesmo estando com mais de 80 anos, realiza exposições e viagens. Muitas homenagens foram feitas pelos 80 anos de Jorge Amado, e Carybé, participa das comemorações com exposições para o amigo e companheiro.

Em 1992, viaja com sua esposa Nancy para a Alemanha onde realiza  uma exposição individual no Festival de Hamburgo. No mesmo ano, expõe dez painéis de Orixás no Centro Georges Pompidou e seu quadro “São Sebastião” foi adquirido pelo Museu do Vaticano.  

Faleceu na sua amada Salvador, no dia 1° de outubro de 1997.

Ilustração para o livro de Gabriel Garcia Marques “Cem Anos de solidão”

Carybé produziu cerca de cinco mil peças de trabalho, incluindo pinturas, desenhos, gravuras, esculturas e esboços.  Mas suas obras vão muito mais além de museus e podem ser vistas em ilustrações de livros como muitos de Jorge Amado e de Gabriel Garcia Márquez.

GALERIA DE ALGUMAS OBRAS

Carybé - Vista Aérea
Vista Aérea Sul Americana. Carybé. 1941 – Aquarela sobre papel
Figuras na Praia. 1955
Carybé - Primeira Missa
Primeira Missa. 1956
MURAL – A Conquista do Oeste. Carybé . 1959 – Aeroporto de Miami, Estados Unidos
Carybé - Cipó
Cipó. 1964 (Aquarela)
Bahia. 1971
Carybé - O ovo da Ema
O Ovo da Ema. 1976
MURAL – A Batalha de Pirajá.  1978 (Bahia)
Carybé - A mulata grande
A Mulata Grande. 1980
Santo Antônio. Carybé. 1982
Carybé - Ilustração do figurina para a ópera La Bohéme
Ilustração do figurino para a ópera La Bohème. 1985. Teatro Castro Alves – Salvador – Bahia
Carnaval. 1986
Carybé - Cangaceiros
Cangaceiros. Carybé. 1997 (obra inacabada)
Acarajé de Iansã, Candomblé de Cotinha de Oxumarê – Série Iconografia dos Deuses Africanos
Carybé - Os Conjurados
Os Conjurados. 1996

Com características do surrealismo, Carybé apresenta nessa pintura, personagens transfigurados em peixes, aves, bois e cavalos, o que faz lembrar o realismo fantástico latino-americano, como nos livros de Gabriel García Márquez

Maternidade. Carybé. (Bronze)
Carybé - Amazonas
Amazonas. Bronze de Carybé
“Acredito que a Arte está em tudo no que nos rodeia, basta um olhar sensível para apreciar e usufruir das diferentes manifestações artísticas. A Arte é a grande e bela ilustração da vida.”

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