Nighthawks  ou Falcões da Noite é uma importante pintura do artista americano Edward Hopper , considerada a obra mais famosa de Hopper. Ela faz parte da coleção do Instituto de  Arte de Chicago, continua sendo a pintura mais solicitada e procurada de sua coleção desde sua posse no acervo dessa instituição. A icônica obra,  ajudou a definir o movimento modernista como sendo uma das mais reconhecidas da arte americana do Século XX.

De acordo com o diário mantido pela esposa de Hopper, Josephine Nivison, essa pintura  foi concluída em 21 de janeiro de 1942 em Nova York, semanas após o bombardeio de Pearl Harbor. Por esse motivo, o trabalho é frequentemente visto como uma expressão de alienação durante a II Guerra Mundial. Nestes tempos turbulentos da história, quando todos estavam paranoicos com outro ataque e Nova York realizava exercícios de blecaute continuamente como uma forma de praticar esconder a cidade na escuridão, no caso de outro ataque aéreo acontecer.

Hopper começou a pintá-la imediatamente após o ataque a Pearl Harbor e que logo após o evento, houve um sentimento generalizado de tristeza por todo o país, um sentimento que é retratado na pintura, as luzes do estúdio de Hopper permaneceram acesas.

Em janeiro de 1942, Josephine escreveu uma carta para a cunhada Marion, irmã  do artista,  sobre a nova pintura: “Ed acabou de terminar um quadro muito bom – um balcão de lanchonete à noite com três figuras. Night Hawks seria um bom título. Ele posou para os dois homens no espelho e eu para a garota. Ele estava cerca de um mês e meio trabalhando nisso.”

A pintura retrata quatro personagens sentados em uma lanchonete escassamente mobiliada à noite – uma mulher e três homens. Uma única fonte de luz ilumina o interior do local e se espalha em direção ao exterior de uma rua vazia onde o mundo parece ter fechado. Colocadas em relações ambíguas, nenhuma das quatro figuras interage uma com a outra. Com personagens parecendo desconectados uns dos outros e do espectador, a pintura sugere uma revelação arrepiante de que cada um de nós está completamente sozinho no mundo.

Com seu cenário simples, iluminação dramática e quietude comum, ela torna mais fácil para o observador se colocar na cena, nas ruas da cidade. O protagonista da obra parece ser a própria lanchonete, com fortes linhas diagonais acentuadas pelo balcão e pelos assentos. No entanto, sem portas para entrar, o espectador é excluído da cena por uma cunha de vidro sem costura, permitindo que ele invada o mundo privado da lanchonete e seus Falcões Noturnos da rua apenas por meio da visão. O ângulo em que a lanchonete é colocada no canto permite que Hopper mostre as pessoas em uma mistura de vistas frontais e de perfil.

Hopper era obcecado pela luz e pela maneira como ela caía nas casas e nas pessoas pelas janelas e pelas cores que fazia. A luz fluorescente amarelada substitui o sol nos Nighthawks, enfatizando a compreensão do artista sobre as possibilidades expressivas da luz brincando em formas simplificadas. A luz que inunda a lanchonete, a única iluminando a pintura, se espalha na noite por ambas as janelas em ambos os lados das esquinas. A luz faz com que algumas das superfícies dentro da lanchonete sejam reflexivas, o que não seria visível à luz do dia.

A placa acima do café anunciando charutos por US $ 5 e a caixa registradora vista em uma das janelas externas sugerem uma espécie de experiência americana cotidiana. A cena é silenciosa e serena, destacando ainda mais a intensa sensação de isolamento.

Hopper disse que a pintura “foi sugerida por um restaurante na Avenida Greenwich , onde duas ruas se cruzam”, adicionalmente observando que ele simplificou muito a cena e tornou o restaurante maior. O público há décadas tenta localizar esse restaurante específico em Nova York, mas após uma extensa pesquisa, conclui-se que nunca foi um lugar real. Muitas pessoas a veem como uma mistura adequada dos locais comuns e muitas vezes esquecidos que constituem uma cidade moderna como Nova York e tantas outras.

Caracterizada por uma narrativa aberta, esta pintura incorpora o interesse do artista pelos temas da alienação, melancolia, voyeurismo e relações ambíguas. O termo Falcões da Noite, é usado figurativamente para descrever alguém que fica acordado até tarde, e é um nome que pode estar associado naturalmente com as aves de hábitos noturno, como os falcões.

Hopper negou que ele propositalmente infundiu esta ou qualquer outra de suas pinturas com símbolos de isolamento humano e vazio urbano, mas ele reconheceu e declarou que em Nighthawks “inconscientemente, provavelmente, eu estava pintando a solidão de uma grande cidade.”

Importante peça da cultura americana, a obra também tem a capacidade de evocar nostalgia por uma América de uma época passada. No entanto, Nighthawks de Hopper permanece relevante até hoje como uma crítica sutil do mundo moderno, o mundo em que todos vivemos, onde prevalece uma sensação avassaladora de solidão e um desejo profundo, mas a incapacidade final, de se conectar com aqueles ao nosso redor .

Titulo: Nighthawks

Autor : Edward Hopper

Ano: 1942

Técnica: óleo sobre tela

Dimensão: 84.1 × 152.4 cm

Localização: Instituto de Arte de Chicago