Campo de Trigo com Corvos é uma das pinturas mais famosas de Vincent van Gogh e talvez uma de suas últimas pinturas. A dramaticidade nela apresentada e o tema escolhido, funciona como um presságio de sua morte, que é comum ser associada ao suicídio do artista que aconteceu algumas semanas depois.

A representação dos campos de trigo de Auvers-sur-Oise em diferentes condições atmosféricas, foi um dos assuntos favoritos de Van Gogh durante os últimos meses de sua vida.  Podemos encontrar em sua obra, outras pinturas com campos de trigo, como por exemplo em Campo de Trigo sob um Céu Tempestuoso, em que a mesma foi realizada em uma tela nas mesmas dimensões, porém, Campo de Trigo com Corvos  é 0 único trabalho  em que o artista utilizou pinceladas com golpes tão vigorosos sob um céu muito turbulento. Van Gogh tinha um grande respeito pelas forças da natureza e já havia incluído céus semelhantes em várias de suas obras, mas não com tanta intensidade.  A presença dos corvos, ave que está associada à morte, com o acentuando contraste do campo de trigo amarelo, dão origem às inúmeras interpretações que transmitem a pintura.

Em suas inúmeras cartas, Vincent sempre falava dos pássaros como um símbolo de liberdade, escreveu em 1880: “Por favor, me dê a liberdade de ser um pássaro como os outros pássaros!”.

Nesta pintura, nenhuma das estradas parece levar a uma saída dos infinitos campos de trigo, de onde parece que apenas os corvos conseguem escapar. Mas, mais uma vez, devemos lembrar que tentar encontrar “interpretações simbólicas” nas obras de Van Gogh, é uma prática que, embora atraente, possa levar a conclusões infundadas.

A associação mais constante que leva o espectador a relacionar a pintura como sendo uma “nota de suicídio”, deve ser deixada de lado. Ainda assim, existem muitos argumentos para apoiar a ideia de que a pintura representa o próprio tormento e desespero interior do artista.

Independente de qualquer interpretação, a pintura é sem dúvida, curiosa e certamente nos dá uma sensação de tristeza.  O que sabemos, é que encontramos nela um artista derrotado em seus últimos anos, esse poder é assustador e ele conseguiu transmitir, sentimentos de tristeza e solidão.

Para concluir, caberá ao observador, admirar a vitalidade e a harmonia turbulenta de cada pincelada encontradas nos elementos visuais utilizados, como a cor e as formas que envolvem a composição. Os segredos ocultos que possam existir, se houver algum, continuarão a girar em seu próprio reino indescritível, no símbolo principal que envolve o tema, os corvos.

Obra  citada