Almeida Júnior: Biografia e obras
Convido você a descobrir a vida e a obra de José Ferraz de Almeida Júnior, um dos mais importantes pintores brasileiros do século XIX. Nascido em 1850, em Itu, São Paulo, Almeida Júnior é conhecido por suas obras que retratam o cotidiano e a vida rural brasileira. Estudou na Academia Imperial de Belas Artes, no Rio de Janeiro, e posteriormente na Academia de Belas Artes de Munique, na Alemanha, onde teve contato com o realismo e impressionismo. Suas obras mais famosas incluem “O Descanso do Modelo” e “Caipira Picando Fumo”, que retratam cenas do interior do Brasil com grande realismo e sensibilidade. Almeida Júnior também se destacou por seus retratos, capturando a personalidade e a humanidade de seus modelos com maestria. Almeida Júnior faleceu precocemente, aos 34 anos, em 1899, deixando um legado artístico que influenciou gerações posteriores de artistas brasileiros. Suas obras continuam a ser admiradas pela sua qualidade técnica e pela sua capacidade de capturar a essência do povo brasileiro e da vida no Brasil do século XIX.
José Ferraz de Almeida Júnior, nasceu na cidade de Itu (São Paulo) no dia 8 de Maio de 1850. O dia Nacional do Artista Plástico é comemorado no dia de seu nascimento em sua homenagem. Artista respeitado por toda a crítica, é considerado o precursor dos modernistas.
Pintor realista, tinha a preocupação em valorizar nas telas o homem do povo no seu cotidiano, em inserir os personagens típicos brasileiros, o que contrastava com a monumentalidade que até então predominava nas artes plásticas do Brasil.
Ingressou na AIBA (Academia Imperial de Belas Artes em 1869. Teve aulas de desenho com Jules Le Chevrel e a honra de ter sido aluno de pintura de Victor Meirelles. Concluiu seus estudos na AIBA em 1874 quando retornou para sua cidade natal. Em Itú, abriu seu primeiro ateliê em 1875 atuando como professor e um excelente retratista.
Em visita ao interior de São Paulo, o imperador Dom Pedro II impressiona-se com seu trabalho e concede-lhe uma bolsa de estudos para a Europa. Vive em Paris entre 1876 e 1882 onde estuda na École National Supérieure des Beaux-Arts, sendo aluno de Alexandre Cabanel. Durante o período que esteve em Paris, participou de quatro edições do Salon Officiel des Artistes Français.
Ao regressar ao Brasil em 1882, expõe na AIBA suas pintura produzidas na capital francesa.
Em 1883, instala um ateliê no bairro do Cambuci, em São Paulo.
A experiência que teve estudando na França, contribuiu para a formação de novas gerações de pintores, entre eles Pedro Alexandrino.
Almeida Júnior faleceu muito precocemente, aos 49 anos, de uma morte trágica. Seu primo José de Almeida Sampaio o apunhalou em frente ao Hotel Central de Piracicaba, interior de São Paulo. Era marido de Maria Laura do Amaral Gurgel, com quem o pintor manteve um relacionamento secreto por vários anos. Por vingança, seu primo o assassinou quando descobriu a traição dos amantes.
Alguns estudiosos da obra do artista, afirmam que trata-se de Maria Laura a moça lendo nessa pintura. Podemos encontrar essa personagem em algumas outras de suas obras.
Essa pintura foi feita em seu atelier em São Paulo no bairro do Cambuci.
A Pinacoteca do Estado de São Paulo – que em 2000 realizou exposição em sua homenagem, quando vários artistas contemporâneos fizeram releituras de alguns de seus trabalhos – possui em seu acervo um conjunto valioso da obra do artista. Algumas também podem ser vistas no Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, e no Museu de Arte de São Paulo, entre outros.
Almeida Júnior e sua obra
Indiscutivelmente, o artista inovou com o tratamento da luz em sua pintura que até hoje é comentada e apreciada, bem como também, pelos temas escolhidos em suas composições, onde valoriza o ser humano comum, levou alguns críticos a compará-lo com a do pintor realista Gustave Courbet, artista que Almeida Júnior tivera contato com suas obras quando viajou para a Europa.
Ainda no final do Século XIX, quando as características acadêmicas predominavam na arte brasileira, Almeida Júnior foi o primeiro a pintar o homem do campo, seu ambiente, os costumes e o modo de vida interiorana.
Uma característica importante na obra do artista, é a pintura narrativa. Seus quadros retratam realisticamente, como era o dia-a-dia nas fazendas, nas cidades pequenas e dentro das casas daquele tempo, como na pintura que fez sob encomenda para o engenheiro Adolfo Augusto Pinto, que mostra sua família em casa .
Caipira Picando fumo é considerada uma de suas pinturas mais importantes, e também a mais conhecida.
Para escolher o título dessa pintura, seu autor provavelmente foi buscar o significado da palavra “Caipira”, que significa “cortador de mato”. O homem da tela era conhecido na região como Quatro Paus, assim Almeida Júnior o interpretou, por ser um trabalhador de lavoura na colheita de café, muito conhecido na região.
A pintura narrativa que é uma constante na obra do artista, sempre sugere a presença de uma segunda personagem ou outros que não aparecem no quadro. Em Saudade, por exemplo, temos uma mulher com uma carta ou fotografia na mão, observando reflexiva o que vê. Em outra obra intitulada Amolação Interrompida, encontramos também somente um personagem que interrompe seu trabalho para alguém que acabara de chegar.
As cenas que Almeida Júnior escolhia para os seus quadros quase ninguém pensava em pintar. Quem teria a ideia de retratar uma cozinha caipira naquela época? Pois era de temas como esse que ele gostava. Nessa obra o artista pintou Nhá Delfina, a empregada de seu primo trabalhando na cozinha do sítio em Indaiatuba, no interior paulista. Nessa pintura existem objetos típicos das casas daquele tempo, como forno a lenha, pilão e tacho de cobre.
O Importuno – Almeida Junior conseguiu com essa obra ultrapassar a barreira de
sua época, tornando um tema relevante para todos que no século XX procuraram contribuir de alguma forma para a história e o desenvolvimento da arte no Brasil, alcançando assim o polêmico lugar de ser o grande introdutor do modernismo no país.
Podemos observar através dessa famosa pintura, o artista em seu ateliê onde o mesmo se representa de costas para narrar uma situação de interrupção de seu trabalho, durante a pintura de um retrato. A maneira como o pintor resolveu esta situação, colocando a modelo na parte mais visível da tela, faz do espectador seu cúmplice, onde este a vê com nitidez e não a importunando. De quem ele a protege está fora da representação pictórica, mas nos é permitido imaginar a sua presença no campo do desejo, assim como se apresenta ao espectador.
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