A Via Sacra, de Fernando Botero é uma série de pinturas a óleo e desenhos criados pelo artista colombiano que remetem para a dor e violência. O artista faz uma crítica às injustiças sociais vividas na atualidade comparadas às que viveu Jesus há mais de 2.000 anos. Elas se repetem…

Em quase todas as telas,  descrevem os momentos da execução de Jesus Cristo, é possível encontrar elementos contemporâneos – roupas atuais, relógios de pulso ou até um polícia entre os soldados romanos. “Botero usa muito o humor nas suas telas, e através destes elementos ele chama a atenção para a dor e a violência que existem nos dias de hoje”.

Como não haveria de ser diferente, podemos encontrar a sua marca pessoal, quase todas de grandes dimensões, é possível ver as figuras humanas em destaque tanto pelo tamanho, quase maiores do que as casas que aparecem no fundo, como pelas formas arredondadas características do estilo do artista. “Botero diz sempre que não pinta gordos, mas quer dar  volumes nas formas”, elemento de maior importância em sua obra.

Fiel aos acontecimentos da vida de Cristo, o pintor não deixa, contudo, de os retratar com a originalidade do seu traço. Se muitos antes dele pintaram a Paixão de Cristo tendo como cenário fortalezas medievais e paisagens bucólicas pontuadas por colinas, Botero insere-as agora em contextos atuais às povoações de Antioquia, em Medellín  (sua cidade natal na Colombia) e aos cartéis da droga. Isto para não falar de Cristo, cuja figura deixa pela primeira vez de ser esguia, para passar a ser volumosa e obesa, como todas as personagens icônicas do trabalho de Botero. Ou para não falar de Judas, que num dos desenhos toma a forma de Pablo Escobar. De resto, as alusões ao patrão da droga e seus comandantes atravessam grande parte da Via Sacra, de Fernando Botero.

“Na pintura existe sempre a exaltação de alguns aspectos. Na obra de Van Gogh, por exemplo, era a cor, no meu é o volume. Não acredito que tenha pintado uma criatura gorda em toda a minha vida.”  A volumetria está em tudo. As minhas obras são sensuais.” (Fernando Botero)

A série é composta por 27 telas e 34 desenhos sobre papel dedicadas ao drama da paixão e morte de Jesus Cristo, produzidas entre 2010 e 2011.

Destacamos aqui, as principais obras relacionadas ao tema:

O Beijo de Judas – Sabendo o que aconteceria após a traição de Judas, indignado, o artista se autorretratou na cena, está localizado abaixo no canto esquerdo da composição.