Biografia de Egon Schiele

Egon Schiele foi uma das principais figuras do expressionismo austríaco. Seus retratos e autorretratos, explorações abrasadoras da psique e da sexualidade de seus modelos, estão entre os mais notáveis do século XX.

BIOGRAFIA

Autorretrato. 1907

Egon Leo Adolf Ludwig Schiele  nasceu no dia 12 de junho de 1890 em Tulln an der Donau, uma cidade perto de Viena, na Áustria. Ele foi o terceiro filho de Adolf Schiele, que trabalhou como chefe de estação para as ferrovias estatais austríacas, e Marie Soukupova, que originalmente veio da cidade  de Cesky Krumlov. Ele teve três irmãs, Melanie, Elvira e Gertrude, que futuramente serviram de modelo para alguns de seus retratos.

Embora Schiele nunca tenha sido um aluno esforçado, um de seus instrutores de artes da escola primária reconheceu um dom natural em seu desenho e o encorajou a buscar aprendizado formal. Em 1906 , após a morte de seu pai, Schiele se matriculou na Academia de Belas Artes de Viena, que Gustav Klimt também frequentou.

Em 1907, Schiele procurou Klimt, cujo trabalho ele já admirava muito, logo os dois formaram uma relação de mentor e aprendiz que teria um grande impacto no desenvolvimento inicial do jovem artista. Klimt não apenas exerceu sua influência sobre Schiele na pintura, mas também o apresentou a patronos, modelos e o trabalho de outros artistas, apesar de ser ainda um dedicado estudante de arte, teve pouca oportunidade de aprender, dado o relativo isolamento de Viena dos movimentos de vanguarda europeus durante esse período.

Rio Sinuoso. Egon Schiele. 1906

Através de Klimt, Schiele também foi apresentado ao Wiener Werkstätte, as oficinas de artes e ofícios da Secessão de Viena, um movimento que tinha laços estreitos com outros estilos de arte moderna do período.

Em 1908, quando o artista tinha dezoito anos, participou de sua primeira exposição, como parte integrante de um grupo em Klosterneuburg, uma pequena cidade ao norte de Viena. No ano seguinte, Schiele e alguns colegas deixaram a Academia em protesto, citando os métodos conservadores de ensino da escola e seu fracasso em adotar práticas artísticas mais avançadas que estavam varrendo a Europa. Como parte dessa rebelião, Schiele fundou o Neuekunstgruppe, um grupo composto por artistas jovens e insatisfeitos que desertaram da Academia.

O novo grupo não perdeu tempo, realizando várias exposições públicas por toda Viena, enquanto Schiele explorava novos modos de expressão pictórica, favorecendo distorções e contornos irregulares de forma e uma paleta mais sombria do que a arte mais decorativa e ornamentada no estilo Art Noveau. Basicamente, ele foi gradualmente se distanciando do estilo popularizado por Klimt, embora os dois artistas permanecessem próximos até a morte de Klimt.

Em 1911, começou a ter um sucesso modesto como pintor e desenhista, tendo sua primeira exposição individual, na Galeria Miethke de Viena, onde a crescente propensão do artista para o autorretrato e retratos, quando estudos de mulheres jovens estavam em exibição.

Enquanto seu trabalho escandalizava a sociedade vienense, ao mesmo tempo o artista comercializava muitas de suas pinturas provocativas para colecionadores particulares, como escreveu: “Fazendo muita publicidade com meus desenhos proibidos”, quando cinco jornais criticaram seu trabalho.

Seus primeiros estudos também foram controversos por seu uso de crianças como modelos nuas e por mostrar meninas púberes em situações implicitamente eróticas. A pintura Garotas Nuas Reclinadas, é um exemplo disso, onde duas meninas nuas são retratadas como se depois de um encontro erótico. Nesse mesmo ano, Schiele viveu brevemente na cidade natal de sua mãe, Krumau, onde sua prática de crianças visitando seu estúdio atraiu a desaprovação da população local.

Autorretrato. 1912

A partir de 1912, Schiele viveu os momentos mais importantes, tanto pessoalmente quanto artisticamente. Além de participar de várias exposições coletivas,  foi convidado pela Galeria Hans Goltz de Munique,  para apresentar seu trabalho ao lado de membros do grupo de expressionistas Der Blaue Reiter (O Cavaleiro Azul), que incluía Wassily Kandinsky, Franz Marc, e Alexej von Jawlensky.

Nesse período, enquanto residia em Neulengbach, Schiele foi preso em seu estúdio e encarcerado por vinte e quatro dias, acusado de sequestro e estupro de uma menina de doze anos, assim como aconteceu em Krumau, seu estúdio havia se tornado um ponto de encontro para muitas crianças da cidade, atraindo a indignação dos moradores locais. Essas acusações acabaram sendo retiradas e ele foi condenado por expor crianças a imagens eróticas. A maioria de suas obras foram confiscadas pela polícia local como  “degeneradas” e, em um gesto simbólico, o juiz queimou um de seus desenhos no tribunal.  O incidente causou um impacto muito grande no artista, logo ele cessou sua prática de usar crianças como modelos, embora a morbidez e a explicitação sexual de seu trabalho, especificamente em seus desenhos, aumentou após sua libertação da prisão.

Com a aproximação da Primeira Guerra Mundial, sua carreira floresceu quando ele retornou a Viena. Em 1913 realizou sua primeira exposição individual em Munique e em 1914 uma individual em Paris. Sua vida pessoal também deu uma guinada, quando em 1915 ele escreveu a um amigo: “Pretendo me casar, com vantagem”, e pediu em casamento Edith Harms, uma jovem de boa posição social. Embora ele esperasse continuar seu relacionamento com Wally Neuzil, ela o deixou após a notícia de seu noivado, uma perda poderosamente está expressa em Morte e a Dama, de 1915

Autorretrato com camisa xadrez.1917

Após ter passado quatro dias depois de seu casamento, Schiele acabou sendo recrutado para o serviço militar. No entanto, ele nunca viu nenhum combate real durante a guerra e, em vez disso, foi autorizado a continuar produzindo e exibindo.  Inspirado por suas viagens de guerra, Schiele produziu uma série de paisagens terrestres e urbanas dessa época, desprovidas dos contornos exagerados comuns do artista.

Em 1917, Schiele estava de volta a Viena e trabalhando exaustivamente. Nesse mesmo ano, ele e Klimt fundaram  um novo espaço de exposição projetado para incentivar os artistas austríacos a permanecerem em sua terra natal.

Durante o ano de 1918, aconteceram muitas tragédias. Em fevereiro, um derrame e uma pneumonia tiraram a vida de seu mentor e amigo, Gustav Klimt. Em outubro, sua esposa, Edith, grávida de seis meses, faleceu vítima da gripe espanhola adquirida na pandemia que contaminou uma grande parte de toda a Europa na época. Após três dias da morte de sua esposa, Schiele faleceu aos 28 anos, no dia 31 de outubro de 1918 com a mesma doença que vitimou sua esposa.

LEGADO

O estilo de Schiele influenciou muito seus contemporâneos expressionistas como Oskar Kokoschka, bem como também os sucessores neo-expressionistas Francis Bacon, Julian Schnabel e Jean-Michel Basquiat.

Apesar de sua curta vida, o artista produziu um número surpreendente de obras, destacando um grande número de autorretratos, sugerindo uma preocupação com o eu.  Ele foi fundamental na formulação do caráter do expressionismo do início do século XX.

Pinturas citadas – Arte comentada

Garotas Nuas Reclinadas. Egon Schiele. 1911

Autorretrato com Lanterna Chinesa – seu mais famoso Autorretrato, faz parte de um estudo  do artista, onde ele se representa com um rosto com traços repletos de linhas, cicatrizes e deformidades sutis. Realizado durante um período em que participava de inúmeras exposições, o artista olha diretamente para o espectador, sua expressão sugere uma confiança em seus dons artísticos.

Autorretrato com Lanterna Chinesa. Egon Schiele. 1912 – Localização: Museu Leopold (Viena)

Morte e Dama –  pintura realizada na época em que o artista se separou de sua amante de longa data, Wally Neuzil, alguns meses antes de se casar com Edith Harms. A pintura marca o fim um relacionamento aparentemente transmitindo uma separação como a morte do amor verdadeiro. Curiosamente, a maneira como as figuras de Schiele são quase consumidas por suas roupas e ambientes abstratos sugere a influência de Klimt.

Morte e a Dama. Egon Schiele. 1915-1916

A Cidade Velha III – Pintura inspirada provavelmente pela cidade natal de sua mãe, Krumau, onde ele viveu brevemente em 1911. As poucas paisagens realizadas por Schiele são aparentemente desprovidas de pessoas, apresentando uma grande variedade de cores, diferente de seus retratos e autorretratos.

A Cidade Velha III. Egon Shiele. 1917
Mulher sentada com joelho dobrado. Egon Shiele. 1917

Esta é uma de suas últimas pinturas…

A Família. Egon Schiele. 1918
“Acredito que a Arte está em tudo no que nos rodeia, basta um olhar sensível para apreciar e usufruir das diferentes manifestações artísticas. A Arte é a grande e bela ilustração da vida.”

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