Lili Elbe foi uma pintora transgênero dinamarquesa, uma das primeiras receptoras documentadas de cirurgia de redesignação de sexo. A história de sua vida foi transformada em dois livros, Homem em Mulher , e o best-seller internacional A Garota Dinamarquesa, que originou o filme homônimo de 2015.
Einar Mogens Wegener nasceu em 28 de dezembro de 1882 na pequena cidade de Vejle, na Dinamarca. Quando criança, era um menino artístico e precoce. Durante sua adolescência, viajou para Copenhague com o objetivo de estudar arte na Academia Real Dinamarquesa de Belas Artes. Lá, ele conheceu Gerda Gottlieb que também era aluna na mesma instituição, logo eles se apaixonaram e começaram uma relação.
Em 1904, o casal Einar e Gerda, com idades entre 22 e 19 anos se casaram. Os dois artistas gostavam de pintar juntos. Enquanto Einar tinha uma queda pela pintura de paisagens, Gerda era uma ilustradora de livros e revistas de moda de sucesso. Para colaborar em suas ilustrações, Einar servia como modelo e passou a vestir roupas femininas para seus retratos art déco de mulheres de alta costura. Por meio dessas experiências, Einar começou a imaginar a vida como mulher, passando a ter muito prazer com essa experiência .
Viajando pela Europa, o casal finalmente se estabeleceu em Paris em 1912 e Einar fez a transição de sua identidade pública vivendo abertamente como mulher nos últimos 20 anos de sua vida. Ela escolheu o sobrenome “Elbe” em homenagem ao Rio Elba da Europa Central que atravessa Dresden, local da última de suas operações de redesignação de sexo.
ALGUMAS DAS PINTURAS ASSINADAS POR EINAR MOGENS WEGENER
A cirurgia
Em 1919, o Dr. Magnus Hirschfeld fundou em Berlim, o Instituto Alemão de Ciências Sexuais e cunhou o termo “transexualismo”. Na década de 1920, Lili soube da possibilidade de transformar permanentemente seu corpo de masculino para feminino através dessa clínica. Em 1923, ela foi submetida à primeira de quatro operações. Em 1930, submeteu a um procedimento cirúrgico de castração. As próximas três cirurgias foram realizadas em 1930 e 1931 pelo Dr. Kurt Warnekros na Clínica Feminina Municipal de Dresden e incluíram uma penectomia (retirada total do pênis e o transplante de tecido ovariano humano). Essas cirurgias permitiram que ela mudasse seu nome e sexo legalmente e que assim recebesse um passaporte como mulher, passando a assinar legalmente como Lili Ilse Elvenes, mas artisticamente como Lili Elbe, porém nunca mais pintou, pois via a pintura como parte de sua existência anterior que deveria ser deixada para trás.
O novo sexo
Lili Elbe comparou sua transformação feminina a um novo nascimento e uma afirmação de sua verdadeira natureza. Ela agora era capaz de viver sua vida como mulher, com isso, em 1930, o rei da Dinamarca anulou seu casamento com Gerda. Os dois se separaram amigavelmente e outra porta se abriu quando ela começou um relacionamento com o negociante de arte francês Claude Lejeune, estava exultante e planejando uma cirurgia final que envolvia um transplante de útero e a construção de uma vagina artificial, na esperança de que esse procedimento permitisse que ela tivesse relações sexuais com seu noivo e, eventualmente, se tornasse mãe. Mas esse sonho nunca seria realizado.
Lili morreu de paralisia cardíaca enquanto se recuperava de sua última cirurgia, pouco antes de completar 49 anos. O sistema imunológico rejeitou o útero transplantado, a operação e uma revisão cirúrgica subsequente causaram infecção, que a levou à morte em 13 de setembro de 1931.
Sua história foi publicada por Ernst Ludwig Harthern-Jacobson que selecionou a biografia de seus diários pessoais de acordo com os últimos desejos de Lili. Sob o título de Homem em Mulher, foi publicado pela primeira vez em 1933 em edições dinamarquesas e alemãs, posteriormente também em inglês. Foi um dos primeiros livros amplamente disponíveis sobre a vida de uma pessoa trans.
Em 2000, a vida de Elbe inspirou para o livro A Garota Dinamarquesa, um romance internacional de David Ebershoff, que originou em 2015 um grande filme com mesmo nome, estrelado com uma performance absurdamente perfeita do ator britânico, Eddie Redmayne.
Cenas do filme ‘A Garota Dinamarquesa’
