Carnaval – Jean Baptiste Debret e sua origem

Jean Baptiste Debret foi um importante artista francês que viveu no Brasil durante o século XIX e deixou um valioso registro visual da vida cotidiana no país. Carnaval – Jean Baptiste Debret nesta obra, ele retratou o Carnaval brasileiro como uma festa animada e colorida, cheia de música, dança e pessoas celebrando nas ruas. Suas pinturas capturam a energia e a diversidade cultural dessa festividade popular, mostrando grupos de foliões, músicos, dançarinos e pessoas de todas as idades participando da alegria coletiva. As obras de Debret são consideradas importantes documentos históricos e culturais, pois fornecem um olhar detalhado sobre a vida no Brasil durante o período colonial e imperial.

Jean-Baptiste Debret, foi um importante pintor francês, um dos principais integrantes da Missão Artística Francesa que esteve no Brasil para ilustrar e registrar durante quinze anos de sua permanência no país (1816 a 1831), cenas da vida cotidiana entre as quais o carnaval no Rio de Janeiro.

Em cartas enviadas a Paris e no livro que escreveu mais tarde – Viagem pitoresca e histórica ao Brasil – ilustrado com 220 gravuras em 151 pranchas, fez descrições pormenorizadas sobre os acontecimentos que presenciou.

Carnaval - Jean Baptiste Debret

Cena de Carnaval. Jean Baptiste Debret. Aquarela sobre papel (18 x 23 cm). Ano: 1823

PARA QUEM DESCONHECE A HISTÓRIA, ESSA CENA DE UMA PINTURA NARRATIVA, TORNA-SE MUITO DISTANTE, CAUSANDO UMA CERTA ESTRANHEZA, DO QUE CONHECEMOS DO CARNAVAL NO BRASIL. A INTENÇÃO PRINCIPAL DO ARTISTA, FOI RETRATAR “A GUERRA DE LIMÕES-DE-CHEIRO”

Essa prática com a guerra dos limões permaneceu durante muitos anos, de onde as famílias podiam assistir essa prática de suas sacadas, aos folguedos.

ORIGEM DO CARNAVAL

O Entrudo, foi o carnaval que Debret presenciou fora denominado assim, provavelmente no século XVI, foi introduzido no Brasil pelos portugueses. A origem surgiu na Idade Média com uma série de brincadeiras que variavam de aldeia em aldeia. Para outros estudiosos, a história do carnaval é ainda mais antiga e está associada às Saturnais romanas, festas pagãs em honra a Saturno, e realizadas em dezembro. Durante as Saturnais, os escravos ocupavam o lugar dos senhores, satirizavam-nos e comportavam-se como homens livres. Talvez isso explique o fato do carnaval ser uma provocação à ordem instituída. Outros autores ligam a origem do Carnaval às Dionisíacas ou Bacanais, festas realizadas na Grécia e em Roma antiga em honra a Dionísio ou Baco, deus do vinho. Estas festividades incluíam manifestações de euforia com danças, provocações, cortejos musicais e encenações. Seja como for, o carnaval brasileiro está diretamente ligado ao entrudo medieval.

Carnaval - Jean Baptiste Debret
AUTOR: Pieter Bruegel – TÍTULO: Luta entre o Carnaval e a Quaresma – ANO: 1559 – TÉCNICA: Óleo sobre Tela  (118 x 164 cm) – LOCALIZAÇÃO: Kunsthistorisches Museum de Viena

Essa é uma das obras mais antigas e características alusiva a essa festa popular. O quadro de Pieter Bruegel, o Velho, intitulado ‘Luta entre o Carnaval e a Quaresma’. Está dividido em duas partes representando respectivamente, o carnaval e a quaresma. A parte central e à esquerda, simboliza todos os excessos próprios do carnaval: música, jogos, bebidas, comida, desordem e euforia. A metade oposta, à direita, representa a austeridade da quaresma, período de renúncia, penitência e recolhimento.

O ENTRUDO NO BRASIL

As brincadeiras que envolviam o entrudo dentro das casas na época do Brasil colonial,  os jovens lançavam entre si limões-de-cheiro, como podemos observar nessa pintura. Até mesmo o imperador D. Pedro II participava da brincadeira, conforme noticiado pelo Jornal Gazetinha, de 1882. Mas a folia maior acontecia nas ruas das cidades envolvendo escravos e forros.

Carnaval - Jean Baptiste Debret
AUTOR: Augustus Earle – TÍTULO: Jogos durante o Entrudo no Rio de Janeiro – TÉCNICA: aquarela – ANO:1822

A partir de 1830, essas brincadeiras sofreram críticas por parte da população, pelo perigo que ofereciam, assim foram proibidas legalmente.  A partir de 1840, o carnaval brasileiro sofreu influências do carnaval de máscaras de Veneza, o que separou o entrudo com o baile de máscaras seguindo o modelo veneziano.

Clubes privados passaram a organizar o carnaval para seus sócios. Máscaras e fantasias já eram comercializadas nas lojas do Rio de Janeiro. Chegaram Pierrô, Arlequim e Colombina, personagens da commedia dell’arte italiana.

Carnaval – Jean Baptiste Debret – GALERIA:

Jean Baptiste Debret. Carnaval. 1827. Técnica: Aquarela sobre papel (15,2 x 21,5 cm)  – Localização: Museu da Chácara do Céu, Rio de Janeiro.
Carnaval - Jean Baptiste Debret

Jean Baptiste Debret nasceu no dia 18 de abril de 1768 em Paris, na França. Formado pela Academia de Belas Artes de Paris,  foi um dos mais importantes  membros da Missão Artística Francesa ao Brasil que tinha como líder, Joachim Lebreton. A missão foi organizada a pedido do rei Dom João VI. Foi composta também pelo arquiteto Charles-Simon Pradier e pelo paisagista Nicolas-Antonine Taunay e seu irmão, o escultor Auguste Marie Taunay.

Debret foi pintor oficial do Império. Desenhou a bandeira do Brasil. Foi ele que criou a forma verde com o losango amarelo que permaneceram na até hoje da bandeira republicana.

Ele decidira deixar Paris por causa da derrota de Napoleão Bonaparte e a perda de seu único filho.

Seu trabalho retrata o cotidiano, o processo de independência do Brasil e os primeiros anos do governo de Dom Pedro I. Uma de suas obras mais conhecidas é um quadro de Dom João VI em tamanho real. Pintou vários quadros da família real. Foi professor no Rio de Janeiro onde lecionou na AIBA (Academia Imperial de Belas Artes).

Permaneceu no Brasil de 1816 a 1831.

Graças a obra de Debret, podemos saber como era a vida da população brasileira nas ruas e até mesmo em suas casas daquela época, como essa manifestação popular que foi o “entrudo”. Foi um grande desenhista que abordou as questões sociais, evidenciando a dignidade dos negros e também dos índios que retratou.

Morreu em 28 de junho de 1848, em sua cidade natal, Paris.

“Acredito que a Arte está em tudo no que nos rodeia, basta um olhar sensível para apreciar e usufruir das diferentes manifestações artísticas. A Arte é a grande e bela ilustração da vida.”

Novidades pelo email

Assine nossa newsletter e receba todas novidades por email