Uma das obras mais impressionantes da carreira de Francisco de Goya, pela enorme carga de dramaticidade. O quadro descreve o fuzilamento de cidadãos espanhóis que haviam se rebelado contra a ocupação francesa liberada por Napoleão Bonaparte em 1808. Segundo Goya, este quadro teve como objetivo “perpetuar com o pincel as ações mais heroicas e notáveis de nossa gloriosa insurreição contra a tirania.”
À noite, uma fileira de soldados dos quais não se vê os rostos, prepara-se para atirar. Entre os condenados à morte, as expressões vão do desafio ao desespero. Mas a figura mais impressionante é a de um homem ajoelhado, que abre os braços aguardando seu trágico destino. Goya não mostra seus compatriotas com gigantismo, nem exagera mostrando soldados caricatos. A força da tela está em seu próprio conteúdo. O horror da cena por si só já perpetua a bravura dos homens que serão assassinados e condena a bestialidade dos militares franceses.

As pinceladas mais fortes e expressivas se revelam notavelmente nas roupas dos espanhóis. Principalmente na figura do mártir central e de seu companheiro com a cabeça entre as mãos. Já os franceses estão pintados com cores neutros e mais uniformes. Desta forma, Goya mostra sua simpatia pelos espanhóis.
Diferentemente dos franceses, os espanhóis são retratados de modo a provocar a compaixão e identificação do observador. Com um olhar apavorado, o homem de camisa branca levanta os braços num gesto de crucificação que o identifica como Jesus Cristo. Olhando bem para sua mão, pode-se perceber um estigma em seu membro, destacando-o, assim, como um mártir.
O quadro é incrivelmente atual, porque atesta que as injustiças continuam. Jesus é colocado de forma subjetiva para demonstrar que assim como ele quantos outros morreram de forma injusta.
Segue um vídeo para completar a leitura dessa obra que assim como Guernica, de Pablo Picasso, também é um documento histórico.

O espanhol Francisco José de Goya y Lucientes nasceu no dia 30 de março de 1746. Fuendetodos, na cidade de Aragão. Um dos mais importantes pintores do século XIX, do movimento conhecido como Romantismo.
Faleceu em abril de 1828, na cidade de Bordéus.
por Roseli Paulino – @arteeartistas