Operários – Tarsila do Amaral
Convido você a contemplar a obra “Operários” de Tarsila do Amaral, um dos ícones da arte moderna brasileira. Pintada em 1933, essa obra retrata a dura realidade dos trabalhadores urbanos, destacando a força e a dignidade da classe trabalhadora. Com cores fortes e formas simplificadas, Tarsila conseguiu transmitir a essência do trabalho árduo e da luta diária dos operários. “Operários” é uma obra que nos convida à reflexão sobre as condições de trabalho e a desigualdade social, temas que permanecem relevantes até os dias de hoje.
No começo da década 1930, Tarsila do Amaral vivia em universo muito diferente daquele em que transitava nos anos 20. Sua situação econômica estava seriamente abalada pela crise de 1929. Convivendo com o psiquiatra Osório César, viu uma realidade diversa, conheceu o socialismo e viajou à União Soviética em 1931. Em agosto de 1932, foi presa por um em razão da viagem e da participação em reuniões e esquerda. Atravessava um período difícil, e para sobreviver pintou retratos por encomenda, fez ilustrações para publicações e, a partir de 1936, passou a escrever para jornais.
Tarsila afirmava que usou fotografia para pintar os rostos em Operários, ou então recorreu à memória. Reúne 51 rostos de homens e mulheres de idades e etnias variadas. Ao fundo, a chaminé da fábrica e o prédio de escritórios assinalam a pluralidade das ocupações. As variações dos rostos indicam a convivência entre habitantes autóctones e imigrantes de diversas origens. Embora a pintora tivesse por objetivo o anonimato das personagens, retratou algumas pessoas que conhecia: por exemplo, o arquiteto Gregori Warchavchik (o primeiro à esquerda na última fila), a cantora Elsie Houston e Benedito Sampaio, o administrador da fazenda de seu pai. As cabeças sem corpo são igualadas pela postura frontal à maneira de ex-votos. São retratos de identidade de trabalhadores, desprovidos de diferenciação profissional. Fisionomia graves e olhares vazios documentam o progresso e seu preço.
A São Paulo tão envolvida com a revolução industrial na época em que foi pintada, está toda representada nessa obra, porque consegue traçar um paralelo perfeito no tema proposto por Tarsila.
OBS: Veja também em nosso site, a leitura da obra Segunda Classe que integra também a fase social na obra da artista
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