Paul Cézanne

Convido você a mergulhar na vida e na obra de Paul Cézanne, um dos mais importantes pintores pós-impressionistas. A biografia de Cézanne é marcada por uma busca incessante pela forma e pela cor, que revolucionou a arte do século XIX. Sua trajetória artística foi repleta de desafios e autodescobertas, refletindo-se em uma obra singular e inovadora. Ao conhecer mais sobre a vida de Paul Cézanne, você descobrirá não apenas um artista talentoso, mas também um visionário cujo trabalho influenciou gerações de artistas e mudou para sempre a história da arte.

Paul Cézanne foi um importante pintor francês que contribuiu muito com o desenvolvimento da arte moderna e contemporânea. Considerado o precursor do cubismo, influenciou artistas como Pablo Picasso e Henri Matisse. Pertenceu ao Impressionismo, mas tinha estilo próprio, sendo assim ele é considerado um artista pós-impressionista. Ele foi um homem fora de seu tempo. Eventos sociais, a Guerra Franco-Prussiana em 1870, a turbulência política que sucedeu ao conflito, até mesmo o que se passava em sua própria família, nada afetava a prioridade de sua vida: a pintura.

BIOGRAFIA de Paulo Cézanne

Cezanne - Retrato do Pai Lendo
O retrato do pai de Cézanne lendo L’Événement. 1866. National Gallery of Art, Washington

Cézanne nasceu numa família de classe média alta, em 19 de janeiro de 1839, em Aix-en-Provence, França.  Seu pai, Lois- Auguste Cézanne, era um comerciante de chapéus que fez fortuna ao comprar um banco que faliu depois da revolução em 1848. Sua mãe, Anne-Elisabeth Honorine Aubert, foi empregada da loja de chapéus de seu pai. Cézanne e sua irmã Marie nasceram antes que o casamento entre seus pais estivesse consumado, o que só aconteceu em 1844. Dez anos depois, sua mãe deu à luz a outra menina, Rose.

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Cézanne e Pissarro. 1874

O relacionamento do pintor com a família nunca foi muito bom. Em uma carta ao também pintor e amigo Camille Pissarro, chegou a dizer que sua família tinha as piores pessoas do mundo, e que o aborrecia além de qualquer medida.

Em 1852, ingressou no College Bourbon e alí conheceu o futuro escritor Émile Zola e Jean-Baptiste Baille, que se tornaria engenheiro. As atividades do trio revezavam-se entre a caça, a pesca e a literatura. Chegaram a trocar poesias. O pintor, que era um aluno brilhante e demonstrava interesse pelas línguas clássicas, compunha em latim. Mas a poesia para ele era só um passatempo. Seu pai já sonhava com a carreira de advogado para o filho  e pensava em empregá-lo em seu banco quando acabasse os estudos, mas Cézanne ficou somente dois anos na faculdade. Abandonou para se dedicar à arte. Apesar do pai, que reprovou a atitude do filho, a mãe satisfez os sonhos do rapaz de ser artista. Cézanne, porém, raramente lhe pedia para posar e, pelo que se sabe, a desenhou somente uma vez, enquanto dormia. Por outro lado, e paradoxalmente, pintou seu pai diversas vezes.

circa 1890: French novelist Emile Zola (1840 - 1902) wearing a pince-nez. (Photo by Hulton Archive/Getty Images)
Emile Zola (1840 – 1902). (Photo by Hulton Archive/Getty Images)
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Paul Cézanne . 1877

Mais tarde, quando percebeu que não havia nada a fazer, Louis-Auguste sustentou o filho com uma mesada. Após a morte do pai, Cézanne sobreviveu com a herança que lhe coube e passava a maior parte do tempo em Jas de Bouffan, residência de verão comprada em 1859 pelo pai. Foi ali que desenvolveu seus estudos, suas experiências e queimou obras que não considerava boas.

Cézanne é exemplo de uma vida obcecada por paixão exclusiva: a paixão da arte, à qual o trabalho se tornou objetivo único da existência. Para ele, a pintura foi amante ciumenta e possessiva. No dia da morte da mãe, ele saiu para pintar, em vez de assistir ao funeral, foi o que lhe pareceu natural fazer.

Ele perseguiu essa vocação única sem se deixar desviar por contingências de política, metafísica ou amor. Nunca houve mulher importante em sua vida, afora a mãe e a esposa, Hortense Fiquet, com quem se casou depois que ela deu à luz o filho deles, Paul.

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Retrato de Madame Cézanne. 1872-77

Foi na sua cidade natal que ele morreu em 23 de outubro de 1906, vítima de uma infecção pulmonar, contraída depois que uma tempestade de outono o pegou enquanto pintava ao ar livre. O artista não se sentia à vontade na época em que viveu e teve muito mais reconhecimento na geração de artistas seguinte.

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Ambroise Vollard pintado por Paul Cézanne. 1899

Crítica e público o consideravam um maldito e Cézanne só teve o reconhecimento muito tempo depois de morrer. Sua pintura não foi compreendida em vida, mas foi amada pelos modernistas, sobretudo pelos cubistas, como Pablo Picasso, que viram em seus traços a simplicidade e liberdade na expressão da arte.

Rejeitada várias vezes nas mostras de Paris, o artista só foi ter sua primeira exposição individual em 1895, aos 56 anos, graças ao empenho de alguns amigos impressionistas, como Claude Monet e Camille Pissarro, mais a boa vontade do marchand Ambroise Vollard. A partir de então, todos dobraram-se a ele, que continuou representando seu próprio mundo.

No processo de criação de suas obras, sempre começava com o uso das cores para chegar à construção geométrica da natureza, baseada no cilindro, na esfera e no cone, dispostos em perspectiva. Na abstração e no realismo, foi identificado com uma concepção mais moderna da arte: a recriação da forma e do espaço e a relação da cor e da linha são alguns dos fatores marcantes na obra desse grande artista.

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Paul Cézanne em seu estúdio. 1904

“Quero conhecer , para melhor sentir; e sentir, para melhor conhecer.”

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Autorretrato. Paul Cézanne. 1879-82

 

ARTE COMENTADA

A Vila de Médan

Cézanne esteve algumas vezes em Médan, para visitar seu amigo de infância Émile Zola, que se mudara para lá em 1878. Este quadro que pertenceu originalmente a Gauguin, foi pintado em pinceladas diagonais, num tipo de dinâmico crescendo.

A estadia na casa do amigo permitiu que o pintor se aventurasse ao trabalho ao ar livre nos arredores de Auvers. As visitas a Médan duraram até o rompimento do pintor com o escritor, em 1886. Nesta fase, na qual pintou principalmente paisagens, o pintor impõe seu estilo em detrimento da forma generalizada pelos demais impressionistas. Enquanto estes utilizavam uma perspectiva aérea, Cézanne preferia olhar de frente. Para ele, as cores e formas em toda a superfície do quadro tinham a mesma importância.

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A Vila de Médan. 1879-81. Óleo sobre tela (59x72cm) Glasgow Art Gallery and Museum (Escócia)

2. A Ponte Maincy

Esta é uma das mais famosas paisagens pintadas por Cézanne.

Note-se a importância dada pelo pintor às formas geométricas. O volume é produto de pinceladas finas, tons verdes e azuis, que indicam o jogo de luz e sombra.

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A Ponte Maincy Local. Museu do Louvre (Paris).  Ano: 1882-85

3. Jogadores de Carta

Este tema, pelo qual também Caravaggio se interessou, serviu a estudos de linhas e volumes em cinco quadros de Cézanne. Aqui a garrafa capta a luz, divide o espaço em duas áreas simétricas e acentua o contraste entre os dois jogadores.

Curiosidade: Esta pintura de Cézanne está classificada pela revista Super Interessante como uma das mais caras do mundo

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Jogadores de Carta. 1890-92. Museu d’Orsay (Paris)

4. As Castanheiras

A composição As Castanheiras de Jas de Bouffan no Inverno,  é uma das belas paisagens do pintor francês Paul Cézanne.

Nove altos troncos de castanheiras, com os seus galhos entrelaçados uns nos outros, criam um maravilhoso trançado, através do qual é possível ver parte da fazenda de Jas Bouffan, propriedade da família do pintor, uma casa sobre a colina e a majestosa montanha azulada, ao fundo, tão amada por ele.

Pela cor do céu, presume-se que seja um dia de inverno. Da sua paleta o pintor tirou o marrom-escuro dos troncos, o verde do prado, que se espalha por toda a paisagem, o azul da montanha e o ocre das casas.

Título: As Castanheiras – Paul Cézanne. Ano: 1885-1886. Técnica: óleo sobre tela (71,1 x 90,2 cm). Localização: Institute of Arts, Mineápolis, USA
“Acredito que a Arte está em tudo no que nos rodeia, basta um olhar sensível para apreciar e usufruir das diferentes manifestações artísticas. A Arte é a grande e bela ilustração da vida.”

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