Semana de Arte Moderna – Brasil 1922

Convido você a mergulhar na Semana de Arte Moderna de 1922, um marco fundamental na história cultural do Brasil. Realizado no Theatro Municipal de São Paulo, esse evento revolucionário reuniu artistas, escritores e intelectuais que desafiaram as normas estéticas da época, promovendo a liberdade de expressão e a valorização da identidade nacional. A Semana de Arte Moderna foi o ponto de partida para o modernismo brasileiro, influenciando profundamente a literatura, a música, a pintura e a escultura do país. Ao explorar esse evento histórico, você descobrirá um momento de ruptura e inovação que transformou a arte brasileira para sempre.

Fevereiro é um mês importante para a cultura no Brasil. No ano de 1922, aconteceu um evento no Teatro Municipal de São Paulo, que mudou completamente o rumo da arte no Brasil.

Inaugurada em pleno carnaval, a Semana de Arte Moderna provocou a elite paulistana e revelou ao Brasil a existência de uma vanguarda em território nacional. Ali, a pintura deixou as amarras figurativas acadêmicas para trás, a música ganhou harmonias bizarras inspiradas na tropicalidade brasileira, a literatura passou a ser chamada de modernista e a poesia abandonou o parnasianismo. 

Se destacaram nomes importantes da cultura brasileira, como Mario de Andrade, Oswald de Andrade, Menotti del Picchia, Heitor Villa-Lobos, Di Cavalcanti ,  Anita Malfatti , Víctor Brecheret e outros  que citaremos logo mais abaixo e que também participaram desse evento.

Somados os esforços desde a Exposição de Anita Malfatti em 1917, os defensores da arte moderna decidem tornar públicas suas ideias. A sugestão parte de Di Cavalcanti, e Graça Aranha é quem faz a ligação entre este e os futuros patrocinadores do evento. Assim, no ano do centenário da Independência, inauguram-se no Teatro Municipal as atividades da Semana de Arte Moderna, com uma conferência de Graça Aranha, recebidas tanto com aplausos quanto com vaias. O evento tem em sua programação conferências e leituras de poemas, recitais de música, além da mostra de artes plásticas.

A Semana de Arte Moderna foi inaugurada no dia 13 de fevereiro de 1922 e se estendeu com atividades até 18 de fevereiro. Destacamos algumas obras:

1.Anita Malfatti com a pintura : O Homem Amarelo 

Arte Moderna (Homem Amarelo) - Artes e Artistas
O Homem Amarelo – Anita Malfatti

2. Di Cavalcanti

Catalogo exposição de Arte Moderna - Artes e Artistas
Capa do catálogo da Semana de 22, por Di Cavalcanti

3. Víctor Brecheret 

Victor Brecheret participou da Semana de Arte Moderna mesmo estando fisicamente distante. Ele era amigo de Di Cavalcanti, Mário de Andrade, Menotti Del Picchia e Oswald de Andrade.

Na época ele estava vivendo em Paris, porém decidiu participar com vinte esculturas que foram dispostas no saguão e nos corredores do Teatro Municipal de São Paulo.

Arte Moderna (depois do banho) - Artes e Artistas

A exposição de artes plásticas, somava cerca de 100 obras. Contou com o apoio de influentes políticos e milionários do café.

Pinturas, esculturas encontravam-se dispersas pelo saguão do teatro municipal durante três noites, competindo com poesias e musicais. A mostra visual provocou reação de espanto por parte do público, enquanto as sessões de música e poesia eram vaiadas, causando uma grande euforia.

Para a abertura da Semana, destacamos abaixo, um trecho da conferência de Graça Aranha, intitulada “A emoção estética na Arte Moderna”:

“Para muitos de vós, a curiosa e sugestiva exposição, que gloriosamente inauguramos hoje, é uma aglomeração de “horrores”. Aquele Gênio suplicado, aquele Homem amarelo, aquele Carnaval alucinante, aquela Paisagem invertida, se não são jogos da fantasia de artistas zombeteiros, são seguramente desvairadas interpretações da natureza e da vida. Não está terminado vosso espanto. Outros “horrores” vos esperam. Daqui a pouco, juntando-se a esta coleção de disparates, uma poesia liberta, uma música extravagante, mas transcendente, virão revoltar aqueles que reagem movidos por forças do passado.”

ORGANIZADORES:

Di Cavalcanti, Graça Aranha, Guilherme de Almeida, Mario de Andrade, Menotti Del Picchia, Oswald de Andrade, Ronald de Carvalho e Rubem Borba de Moraes

INTEGRANTES:

Anita Malfatti, Di Cavalcanti, Ferrignac, John Graz, Martins Ribeiro, Paim Vieira, Vicente do Rego Monteiro, Yan de Almeida Prado e Zina Aita (Pintura e Desenho);

Hildegardo Leão Velloso, Victor Brecheret e Wilhem Haarberg (Escultura);

Antonio Moya e Georg Przirembel (Arquitetura); 

Ernani Braga, Guiomar Novaes e Heitor Villa-Lobos (Música);

Afonso Schmidt, Graça Aranha, Guilherme de Almeida, Menotti del Picchia, Oswald de Andrade, Plínio Salgado, Ronald de Carvalho e Sérgio Milliet (Literatura), entre outros.

Retrato de Mario de Andrade. Anita Malfatti. 1921

O poeta Mário de Andrade que foi um dos principais idealizadores da Semana de Arte Moderna, recitou o segundo dia, o poema Ode ao Burguês, que faz parte do seu livro Paulicéia Desvairada. Foi publicada em 1922 e é reconhecida por muitos como a primeira obra de vanguarda do movimento modernista.

A seguir, um vídeo com cenas selecionadas da Minissérie “Um só coração”, exibida em 2004. (Créditos: Rede Globo)

CENTENÁRIO 

Durante o ano de 2022, muitas atividades foram realizadas em comemoração aos 100 da Semana de Arte Moderna. Para celebrar o evento tão importante para a História da Arte brasileira, a Secretaria da Cultura realizou projetos de ações em conjunto com a Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo.

“Acredito que a Arte está em tudo no que nos rodeia, basta um olhar sensível para apreciar e usufruir das diferentes manifestações artísticas. A Arte é a grande e bela ilustração da vida.”

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