Hélio Oiticica e suas principais obras
Hélio Oiticica foi um artista muito influente e um dos principais expoentes da Arte Contemporânea no Brasil. Nasceu em 26 de julho de 1937 na cidade do Rio de Janeiro, em uma família de classe média alta com forte interesse por arte e cultura.
Desde muito jovem, Oiticica mostrou inclinação para a arte e começou a pintar e desenhar. Na década de 1950, estudou na Escola Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro, onde teve contato com a obra de artistas abstratos e do concretismo que influenciaram seu desenvolvimento artístico, como Ivan Serpa, Lygia Clark e Lygia Pape, integrando com eles o Grupo Frente.
Na década de 1960, ingressou no movimento neoconcreto, um grupo de artistas brasileiros que rejeitava as limitações da arte concreta e buscava novas formas de expressão. Nessa época, criou uma série de obras que mesclavam a arte abstrata com elementos da cultura popular brasileira, como sambódromos e favelas.
Na década de 1960, o artista criou o Parangolé, considerado uma escultura móvel que assim como o Dadaísmo, ele chamava de “antiarte”, como sendo uma pintura viva e ambulante. A obra é uma espécie de capa que só apresenta plenamente seus tons, cores, formas, texturas, grafismos e textos. Os materiais utilizados para a sua realização, devem ser apropriados para executar a performance, permitindo e facilitando os movimentos de quem for vestir em seu corpo.
Em meados da década de 1960, iniciou uma série de instalações interativas que chamou de “Penetráveis”. Essas obras permitiam que os espectadores entrassem nelas e experimentassem uma nova forma de se relacionar com a arte. Uma dessas obras mais famosa é Tropicália, criada em 1967, que convidava os visitantes a caminhar descalços na areia e entre plantas tropicais, criando uma experiência imersiva. Explicou o artista: O ambiente criado era obviamente tropical, como num fundo de chácara e, o mais importante, havia a sensação de que se estaria de novo pisando na terra. Esta sensação sentira eu anteriormente ao caminhar pelos morros, pela favela, e mesmo o percurso de entrar, sair, dobrar pelas ‘quebradas’ de tropicália, lembra muito as caminhadas pelo morro.
No final da década de 1960, o artista se envolveu em movimentos políticos e sociais no Brasil, como a luta contra a ditadura militar e a defesa dos direitos indígenas. Sua arte tornou-se mais política e experimental, utilizando diferentes materiais e formas de expressão. Nesse período criou uma de suas obras mais famosas, a Bandeira-poema Seja Marginal, Seja Herói, em homenagem a Manoel Moreira, um homem negro que morava na Favela do Esqueleto, no Rio de Janeiro.
Manoel Moreira, que ficou amigo de Oiticica, era conhecido por Cara de Cavalo. Manoel foi perseguido e executado em 1964 com mais de 50 tiros por organizações criminosas formadas por policiais. Ele era um dos principais suspeitos de ter assassinado um policial que fazia parte dessa organização. A Bandeira que o artista criou apresenta a imagem de Cara de Cavalo morto e a frase Seja Marginal, Seja Herói, como forma de protesto.
Na década de 1970, viveu nos Estados Unidos fixando-se na cidade de Nova York, onde continuou a desenvolver seu trabalho. Lá, ele também explorou outras formas de arte, como instalações gigantescas, como a famosa “Penetrável Magic Square nº 5, De Luxe”. Ela foi criada em 1977 a partir de suas maquetes desenvolvidas nos anos 60, cujos projetos só poderiam ser executados em locais públicos. O objetivo do artista estava em oferecer ao público um local de experiência interativa, onde as pessoas que penetrassem no espaço, criassem seu próprio ambiente.
Tragicamente, Hélio Oiticica faleceu com apenas 42 anos, em 22 de março de 1980, em decorrência de um AVC. Deixou um legado como um dos artistas mais importantes do Brasil. Suas obras são exibidas nos principais museus e galerias de arte do mundo, e seu foco na participação ativa do espectador continua sendo uma influência significativa na arte contemporânea.
GALERIA
Penetrável Magic Square nº 5 De Luxe. Construídas postumamente, Penetrável Magic Square são instalações cujas obras são um meio coerente de dar continuidade ao legado do artista, dando nova vitalidade à sua ambiciosa proposta na concepção da relação entre arte e vida.
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