O Estilo Barroco

O estilo barroco é um dos períodos mais fascinantes da história da arte, conhecido por sua extravagância, drama e grandiosidade. Surgido no final do século XVI na Itália, o barroco se espalhou pela Europa e pelas colônias europeias, deixando um legado duradouro na arquitetura, escultura, pintura e música. Caracterizado por suas formas dinâmicas, detalhes ornamentados e uso dramático de luz e sombra, o barroco refletia a profunda espiritualidade e o fervor religioso da época. Neste texto, exploraremos as características distintivas do estilo barroco, suas principais obras e artistas, e seu impacto duradouro na arte e na cultura.

O Barroco é um de estilo artístico que começou por volta do período de 1600 em Roma, na Itália, e se espalhou pela maior parte da Europa durante os séculos XVII e XVIII. Em uso informal, a palavra barroco descreve algo que é elaborado e altamente detalhado.

Para a crítica de arte, a palavra barroco passou a ser usada para descrever qualquer coisa irregular, bizarra ou que, de outro modo, se afastasse das regras e proporções estabelecidas. Surgiu de uma ideia contorcida que passou a denotar qualquer processo involutivo de pensamento. Outra fonte possível é a comparação feita com a pérola barroca,  usada para descrever uma pérola irregular ou de forma imperfeita, fazendo uma depreciação.

Essa visão tendenciosa dos estilos de arte do século XVII foi realizada com poucas modificações pelos críticos de Johann Winckelmann  a John Ruskin e Jacob Burckharsdt, e até o final do século XIX o termo sempre carregava a implicação de estranho, grotesco, exagerado e excessivamente decorado. Foi apenas com o estudo pioneiro de Heinrich Wölfflin em Renaissance und Barock de 1888, que o termo barroco foi usado como uma designação estilística e não como um termo de abuso velado.

O trabalho que distingue o período barroco é estilisticamente complexo, até mesmo contraditório. Em geral, entretanto, o desejo de evocar estados emocionais apelando para os sentidos, muitas vezes de maneira dramática, está por trás de suas manifestações. Algumas das qualidades mais frequentemente associadas ao barroco são a grandeza, a riqueza sensual, o drama, a vitalidade, o movimento, a tensão, a exuberância emocional e a tendência a obscurecer as distinções entre as várias artes.

estilo barroco
– Leopold William em sua Galeria. David Teniers, o Jovem. 1651-53

Os fatores mais importantes durante a era barroca foram a Reforma e a Contra-Reforma, com o desenvolvimento do estilo barroco considerado estreitamente ligado à Igreja Católica. A popularidade do estilo foi de fato encorajada pela Igreja Católica, que havia decidido no Concílio de Trento que as artes deveriam comunicar temas religiosos e dirigir o envolvimento emocional em resposta à Reforma Protestante. A arte barroca manifestou-se de forma diferente em vários países europeus devido aos seus climas políticos e culturais únicos.

O estilo barroco é caracterizado por movimentos exagerados e detalhes claros usados ​​para produzir drama, exuberância e grandeza em escultura, pintura, arquitetura, literatura, dança e música. A iconografia barroca era direta, óbvia e dramática, pretendendo apelo sobretudo aos sentidos e às emoções.

David Teniers, o jovem (ficou assim conhecido por pertencer à uma família de pintores) iniciou no final da segunda metade do século XVII, reproduções de pinturas da coleção do arquiduque Leopold Guillermo. Nesta pintura, o artista está presente junto com o arquiduque, onde aparece como um conhecedor, um especialista, em uma galeria de obras por ele organizada. O pintor está discretamente atrás do arquiduque, seu protetor e patrono.

CURIOSIDADE: Nesse período, entre aristocratas e banqueiros, difundiu-se a moda do colecionismo em geral e do colecionismo artístico em particular. Uma espécie de símbolo da acumulação capitalista. Algo que, não por acaso, ocorre no período barroco, onde uma das características do estilo é sobrecarregada, o acúmulo.

O Estilo Barroco: Pintura

Em geral, a pintura barroca era um reflexo das profundas mudanças políticas e culturais que emergiam na Europa. Coincidiu, em termos gerais, com o século XVII, embora em algumas áreas – principalmente na Alemanha – algumas de suas realizações não tenham ocorrido até o século XVIII. Embora o termo envolvesse uma variedade desconcertante de estilos, ele era tipicamente caracterizado por duas coisas: um senso de grandeza (ou riqueza sensual), além de um conteúdo emocional manifesto. Foi através desses dois elementos que os pintores barrocos procuraram evocar estados emocionais no espectador, apelando aos sentidos, geralmente de maneiras dramáticas. Por que eles atraíram os espectadores dessa maneira? Porque a vida na Europa do século XVII tornou-se repentinamente uma competição entre duas forças poderosas.

O uso da técnica do chiaroscuro é uma característica bem conhecida da arte barroca. Essa técnica se refere à interação entre a luz e a escuridão e é frequentemente usada em pinturas de cenas pouco iluminadas para produzir uma atmosfera dramática de alto contraste. Caravaggio  é considerado o precursor do movimento e é conhecido pelo trabalho caracterizado pela dramatização na ação notória dos personagens em sua obra.

Luz: a característica principal da pintura barroca

Naturalmente, a pintura não estava confinada às paredes dos edifícios. Havia também, e de fato especialmente, uma tradição de pintura em tela e, como na arquitetura, as características das várias escolas nacionais diferiam amplamente. Eles tinham uma preocupação em comum: o estudo da luz e seus efeitos. Apesar das grandes divergências entre as obras de vários artistas do período barroco – divergências tão grandes que muitos críticos de arte não estão preparados para designar suas obras por um único adjetivo comum – o uso temático da luz e da sombra na construção de qualquer obra significativa foi , em maior ou menor grau, comum a todos, na medida em que é a característica principal e o motivo pictórico unificador da época.

Principais pintores: Peter Paul Rubens, Diego Velázquez, Johannes Veermer , Rembrandt van Rijn e Georges de La Tour

  1. Peter Paul Rubens
O Julgamento de Páris. Peter Paul Rubens. 1636 – Museu do Prado, Madri (Espanha)

São Jorge e o Dragão – Conta a lenda que, São Jorge matou o dragão que aterrorizava o povo de Silene, salvando uma princesa que encontrava-se em perigo. Nesta pintura, o herói cristão monta um cavalo branco e com sua espada luta contra o monstro que tenta se libertar da lança presa em suas mandíbulas. Atrás deles, ao lado, está a princesa com um cordeiro, que observa tudo aliviada.

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São Jorge e o Dragão. Peter Paul Rubens 1606-08

2. Diego Velázquez – Clique aqui e saiba mais sobre “As Meninas”

As Meninas. Diego Velázquez. 1656 Óleo sobre tela: 3,18 x 2,76 mts Museu do Prado. Madrid Espanha

3. Johannes Veermer – Clique aqui e saiba mais sobre Moça com Brinco de Pérola

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MOÇA COM BRINCO DE PÉROLA – 1665 Óleo sobre Tela – (46,5 x 40 cm) -ocalização – Mauritshuis, Haia

4- A Ronda Noturna. Clique aqui e saiba mais sobre a obra prima de Rembrandt

A Ronda Noturna. Rembrandt. 1642 – Óleo sobre tela (380 × 454cm) – Localização: Rijksmuseum, Amsterdan

5. A Adoração dos Pastores. Georges de La Tour. c. 1645  

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A Adoração dos Pastores. Georges de La Tour. c. 1645 – Óleo sobre tela (42,1 x 51,5 cm) – Localização: Museu do Louvre, Paris

Destacamos a artista italiana, Artemisia Gentileschi, conhecida como sendo uma grande exceção na história da arte, por ser uma mulher de sucesso na pintura, em uma época em que a arte era dominada por homens.

Autorretrato. Artemisia Gentileschi. 1615

ESCULTURA

Os escultores que ocupavam o primeiro lugar em destaque, foram empregados com intensidade sem precedentes, pois, apesar da importância da arquitetura, a escultura era a forma de arte cristã mais característica da era barroca e certamente a mais difundida. Não só conseguiu, ao contrário de arquitetura e pintura, na criação de um idioma artístico amplamente comum a toda  Europa, mas afetou o surgimento de quase todos os artefatos artísticos produzidos durante esse período. Em resumo, a primeira característica reconhecível da escultura barroca é sua onipresença.

A escultura barroca tradicional normalmente tinha duas características marcantes. Em primeiro lugar, foi tecnicamente perfeita. A habilidade dos escultores barrocos constituía um verdadeiro virtuosismo, por exemplo, tornando a aparência da pele humana de acordo como se o personagem era homem ou mulher, velho ou jovem. Cachos, panejamento dos tecidos, emprego de uso de tecidos diferentes, como lã e seda, a textura da armadura – tudo foi precisamente e perfeitamente detalhado. Tal era o domínio dos escultores sobre o seu material que em estátuas esculpidas em mármore é impossível deduzir ou imaginar a forma original do bloco. Certa vez Michelangelo sintetizando os ideais da escultura renascentista italiana, dissera que uma estátua deveria dar a impressão de poder rolar de cima para baixo de uma colina sem ser ferida. Nada disso poderia ter sido dito das esculturas barrocas. Eles tinham o que poderia ser chamado de objetivo fotográfico – perpetuar um movimento e uma expressão. Isso envolve o uso de desenho livre e solto, e também de estruturas para a forma humana muito mais delgadas do que aquelas consideradas desejáveis ​​pelos escultores da Renascença.

Principal escultor: Gian Lorenzo Bernini 

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O Êxtase de Santa Teresa. Bernini. 1647

Estilo barroco: Arquitetura

No estilo barroco da arquitetura, a ênfase foi colocada em espaços ousados, cúpulas e grandes massas. Ela fez uso de escultura decorativa em três formas típicas. O primeiro foi na forma de uma linha horizontal de estátuas ou outras esculturas para completar o topo de um edifício. Novamente, esta não foi uma invenção barroca, mas foi no período barroco que se tornou uma característica estilística convencional, um método sistemático. Deriva do costume que se tornou moda no século XVII de superar um edifício por um ‘sótão’. Com efeito, era um parapeito baixo que ocultava os lados inclinados de um telhado, o que dava ao prédio visto de baixo a aparência de terminar em uma linha horizontal. Este recurso veio a ser quase sempre decorado com uma fileira de estátuas regularmente colocadas e se destacando contra o céu.

Um exemplo notável do estilo barroco de arquitetura, encontramos no Palácio de Versalles:

Localização: Place d’Armes, 78000 Versailles, Paris (França)

Ano: 1634

Área de extensão: 8,2 km²

Principais arquitetos: André Le Nôtre, Louis Le Vau, Jules Hardouin-Mansart

Palácio de Versalles (Paris)
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Palácio de Versalles (Paris)

O ESTILO BARROCO NO BRASIL

O estilo barroco  foi introduzido no Brasil, no início do século XVII por missionários católicos, especialmente jesuítas, que trouxeram o novo estilo como um instrumento de doutrinação cristã.

O barroco no Brasil foi o estilo artístico dominante durante a maior parte do período colonial, encontrando um terreno receptivo para uma rica floração.  Durante todo esse período,  houve uma associação íntima entre a Igreja e o Estado, mas, como na colônia, não houve corte que servisse de patrono, pois as elites não se deram ao trabalho de construir palácios ou patrocinar as artes profanas até o final do período. , e como a religião exerceu enorme influência na vida cotidiana de todos, desse conjunto de fatores deriva que a grande maioria do legado barroco brasileiro está na arte sacra: estatuária.

No Brasil, as características mais típicas do barroco, geralmente descritas como estilo dinâmico, narrativo, ornamental, dramático, cultivando os contrastes e uma plasticidade sedutora, transmitem um conteúdo programático articulado com refinamentos de retórica e grande pragmatismo. A arte barroca era uma arte essencialmente funcional, indo muito bem para os fins a que se destinava: além de sua função puramente decorativa, facilitou a absorção da doutrina católica e dos costumes tradicionais pelos neófitos, sendo um instrumento pedagógico e catequético eficiente. Logo os índios pacificados mais habilidosos, e depois os negros importados como escravos, expostos massivamente à cultura portuguesa, de meros espectadores de suas expressões artísticas passaram a agentes produtores, sendo responsáveis, principalmente os negros, por grande parte do barroco produzido em o país.

Os principais artistas que se destacaram foram para Antônio Francisco Lisboa, o  Aleijadinho e Mestre Ataíde. A arquitetura barroca floresceu notavelmente nos estados da Bahia, Minas Gerais, Goiás e no Rio de Janeiro.

Um exemplo que une escultura e arquitetura, encontramos na Cidade de Congonhas do Campo. A obra de Aleijadinho Os Doze Profetas recepciona os visitantes no Santuário do Bom Jesus de Matosinhos, em Minas Gerais.

Os Doze Profetas. Antônio Francisco Lisboa (Aleijadinho) – Esculturas em pedra-sabão. 1794 a 1804, Congonhas (MG), Brasil

Com o desenvolvimento da Arte Acadêmica a partir das primeiras décadas do século XVIII, a tradição barroca, que tinha uma história de força maciça no Brasil e era considerada o estilo nacional de excelência, gradualmente caiu em desuso, mas seus vestígios foram encontrados em vários formas de arte até os primeiros anos do século XX.

“Acredito que a Arte está em tudo no que nos rodeia, basta um olhar sensível para apreciar e usufruir das diferentes manifestações artísticas. A Arte é a grande e bela ilustração da vida.”

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