Frida Kahlo: Biografia e Obra
Frida Kahlo foi uma das artistas mais importantes do século XX, conhecida por suas pinturas intensas e emotivas, bem como por sua vida marcada por desafios e paixões. Nascida no México em 1907, Kahlo enfrentou diversas dificuldades ao longo de sua vida, incluindo um grave acidente que a deixou com problemas de saúde permanentes. Sua arte, muitas vezes autobiográfica, retrata sua dor física e emocional, bem como sua identidade mexicana e sua luta política e social. Kahlo é especialmente conhecida por seus autorretratos, nos quais ela se retrata com franqueza e honestidade, muitas vezes cercada por símbolos e imagens surrealistas. Sua obra é celebrada por sua originalidade, sua paixão e sua capacidade de transcender as fronteiras culturais e temporais. Ao explorar a biografia e a obra de Frida Kahlo, somos convidados a mergulhar em um mundo de cores vibrantes, emoções profundas e uma vida vivida com intensidade e coragem.
Frida Kahlo foi uma importante pintora mexicana que teve a vida marcada pela dor física e emocional que ela sofreu ao longo dos anos. Mulher admirável, a frente de seu tempo, é reconhecida como um dos maiores nomes da História Universal da Arte.
Frida pintou cerca de 200 trabalhos diretamente relacionados com sua experiência de vida, sendo que mais da metade são autorretratos , de um tipo ou de outro, que assim justificou:
“Eu pinto-me porque estou muitas vezes sozinha e porque sou o assunto que conheço melhor.”
FRIDA KAHLO: BIOGRAFIA
Frida Kahlo foi batizada com o nome Magdalena Carmen Frieda Kahlo y Calderón. Nasceu em Coyoacán em 06 de julho de 1907. Seu pai Guillermo Kahlo era alemão, chegou ao México em 1891, aos 19 anos de idade, e logo mudou seu nome alemão, Wilhelm, para o equivalente em espanhol, “Guillermo”. Sua mãe Matilde Gonzalez y Calderón, era de origem indígena e espanhola. Ela tinha duas meio-irmãs mais velhas, filhas de seu pai com a primeira esposa. Mesmo sendo rodeada por mulheres, Frida sempre se identificou mais com seu pai, tinha uma ligação muito forte com ele.
Em 1913, com seis anos, Frida contraiu poliomielite, a primeira de uma série de doenças, acidentes, lesões e operações que sofreu ao longo da vida. A lesão adquirida no pé direito (era mais curto), fez com que ela passasse a usar calças compridas. Isso foi durante sua adolescência e juventude. Com o tempo, substituiu por longas e estampadas saias que fez dela, sua marca pessoal
Quando tinha 18 anos, se interessou pela técnica da gravura e teve aulas com Fernando Fernandez. Nesse período, estava com 18 anos, sofreu um grave acidente. A caminho da escola de Arte, um bonde, no qual viajava, chocou-se com um trem. Foi muito grave, porque o para-choque do veículo envolvido no acidente, perfurou suas costas, atravessando a pélvis e saindo pela vagina, o que causou uma forte hemorragia. Internada por um longo período em um hospital, passou por várias cirurgias para reconstrução de seu corpo que se encontrava todo perfurado. Ela ficou durante 18 meses debilitada, em sua cama, usando uma estrutura de gesso. Seu passatempo favorito nessa época, era desenhar imagens em seu gesso. Com o tempo, o espaço em seu gesso ficou pequeno, então, seu pai comprou-lhe um cavalete adaptado à sua cama. Com isso, Frida começa oficialmente a pintar.
Depois do acidente, Frida Kahlo foi obrigada a usar coletes ortopédicos de diversos materiais. Sua primeira obra, La Coluna Partida, é um auto retrato em que ela aparece usando um desses coletes.
Em 1928, sua vida tomaria um novo rumo. Ao entrar no Partido Comunista, conhece o famoso muralista Diego Rivera, se apaixonam e sem esperarem muito, em um ano de convívio, se casam. Diego era 21 anos mais velho e tinha muitos quilos a mais que Frida, por isso sua família comparava a união dos dois a de um elefante com uma pomba. Rivera era socialista, pintor de grande influência no século XX e fazia parte do movimento muralista, que propunha uma arte mais acessível. Apesar de muitas brigas, traições e escândalos, Diego foi o grande amor de Frida e o responsável pela revelação dela como artista.
Em 1929, realiza uma pintura que mostra a diversidade de classes sociais no México a bordo de um bonde. Alguns estudiosos da artista afirmam que poderia ser uma referência ao acidente que a artista sofrera em 1925.
Nesta pintura, a primeira coisa que vemos é uma composição com seis personagens: da esquerda para a direita há uma dona de casa com sua cesta de compras, um operário, uma mãe nativa com pés descalços alimentando um bebê, uma criança, um burguês com um saco de ouro e, finalmente, uma jovem que parece ser a artista. Alguns estudiosos afirmam que no acidente, um homem de macacão azul removeu o corrimão, salvando a vida de Frida, enquanto o pó de ouro que um “gringo” trazia com ele se espalhava pelo corpo nu e sangrando da artista.
No mesmo ano, em 1929, Frida vendeu seu primeiro quadro em que ela retratou duas mulheres, Salvadora y Herminia que posaram para a artista em sua casa em Coyoacán. A tela foi vendida para um engenheiro e industrial americano, na época por 300 pesos.
Frida Kahlo tentou por diversas vezes engravidar, porém, por conta do acidente, ela não conseguia segurar a criança em seu útero. Durante toda a sua vida, sofreu três abortos. Retratou por diversas vezes em seus quadros os seus abortos ( A Cama Voando, de 1932).
A vida do casal Frida e Diego foi marcada pela intensidade, tanto na paixão como nas calorosas brigas. Eles dividiam a militância no partido comunista, o amor pelas artes e uma tendência a relacionamentos extraconjugais. Frida era bissexual, mas Rivera dizia não se importar com seus casos com outras mulheres; apenas os casos com outros homens o incomodavam. Um dos mais famosos, mas já depois da separação, foi com o revolucionário russo Leon Trótsky.
Na década de 30, Frida conheceu André Breton, o principal teórico do surrealismo, que ficou fascinado por aquela pintora que era surrealista “sem saber”. Expôs em Paris e foi considerada mais ou menos incluída nesse movimento estético. Anos mais tarde, sobre a febre stalinista, a artista repudiaria o surrealismo por ser este “uma decadente manifestação da arte burguesa.”
Em 1939 Frida Kahlo parte sozinha para Nova York, onde faz sua primeira exposição individual, na galeria de Julien Levy e é sucesso de crítica. Segue para Paris e se vê ligada ao movimento de vanguarda surrealista. Conhece Pablo Picasso, Wassily Kandinsky, Marcel Duchamp, Paul Éluard e Max Ernst. Nesse ano o Museu do Louvre adquire um de seus autorretratos. Ainda em 1939 divorcia-se de Diego, quando descobre que Diego tinha um caso com sua irmã Cristina há anos. Rivera teve seis filhos com Cristina, e Kahlo nunca perdoou a irmã. Após saber desta traição, Frida separa-se de Diego, mas voltam a ficar juntos novamente em 1940.
Com a morte do pai Guillermo Kahlo em 1941, o casal decide morar na casa que era do pai da artista, a “Casa Azul”. Atualmente é o museu da pintora onde abriga obras, roupas e todos os seus pertences.
Em 1942 dá início em seu famoso diário onde registra os pensamentos e suas dores, com textos ilustrados e coloridos. Declarou em um de seus pensamentos em 1952 quando estava acamada:
“Não estou doente. Estou partida. Mas me sinto feliz por continuar viva enquanto puder pintar.”
.As tragédias em sua vida a perseguem. Em julho de 1953, Frida teve que sofrer uma amputação na perna direita até a altura do joelho. Em seu diário, ela registra o ocorrido com um desenho de sua perna amputada com a frase:
“Piés para qué los quiero si tengo alas pa’ volar”.
Mesmo fadada a conviver com suas cicatrizes visíveis e invisíveis, retratou com beleza seu cotidiano aflorando em suas obras suas dores, medos e também seus amores e alegrias. Sua gangorra emocional entre o amor, as sequelas do acidente e as consequências deste em sua vida; as intensas dores que sentia, a perda lenta dos movimentos e tendo de injetar morfina para o alívio de seu tormento, quase a transformaram em mártir.
A noite antes de morrer, ela estava muito doente, com pneumonia. Diego Rivera se sentou ao lado de sua cama até 2h30. Naquela noite, Frida deu a ele um anel que ela havia guardado durante 17 anos, tempo em que o casal ficou separado.
Quando ele perguntou porque ela estava dando esse presente, simplesmente respondeu: “… Porque eu sinto que eu vou deixá-lo muito em breve …”
No dia 13 de julho de 1954, tendo anteriormente tentado suicídio, Frida Kahlo que havia contraído uma forte pneumonia, foi encontrada morta. Em seu atestado de óbito foi registrado embolia pulmonar como causa mortis, mas ninguém descarta que a verdadeira causa foi overdose de remédios, que pode ter sido acidental ou não. Frida deixou como última anotação em seu diário a frase: “Espero que minha partida seja feliz, e espero nunca mais regressar”
Esta é a última pintura que ela completou apenas oito dias antes de morrer. Frida deu esse título para celebrar a vida, e marcar assim a sua obra de uma forma doce, como a melancia, fruta que ela mais apreciava.
A pintura apresenta uma justaposição do vermelho da melancia picada e fatias com a metade escura, céu… meia luz. O último elemento desta pintura foi a inscrição onde vemos em primeiro plano:
VIVA LA VIDA
Coyoacán 1954 México
Frida e as flores em sua obra …
Aos olhos de Frida, flores têm uma indicação de sexualidade e emoções. Encontramos referências sexuais em muitas obras de Frida, as vezes sutis e não tão óbvias como nesta pintura. Aqui ela pinta uma planta de mandrágora bomba que lembra forma de um corpo humano; ela a representou com órgãos sexuais masculinos e femininos. Como o sol além da capacidade de visão de qualquer pessoa produz vida, os brotos de esperma do estame fálico e as folhas semelhantes à vagina estruturam o útero de pétalas que garante a criação do bebê.
Para saber mais sobre a artista e conhecer outros obras, clique: Frida Kahlo e seus Autorretratos
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