Cubismo

O Cubismo foi um movimento artístico que surgiu no início do século XX tendo os artistas Pablo Picasso e Georges Braque seus principais representantes.

Assim descreveu o historiador de arte Ernst Gombrich: “O cubismo foi a tentativa mais radical de eliminar a ambiguidade e impor uma leitura da imagem – a de uma construção feita pelo homem, uma tela colorida”.

O movimento cubista desenvolveu-se após Pablo Picasso  lançar a inovadora pintura Les Demoiselles d’Avignon , considerada pré-cubista. Em sua distorção radical de figuras, sua representação de volumes como planos fragmentados e sua paleta suave, previu algumas das principais características do cubismo posterior.

Les Demoiselles d’Avignon. Pablo Picasso.1907

Braque foi parceiro de Picasso nas primeiras experimentações e no desenvolvimento do cubismo. Com base na ênfase de Paul Cézanne na arquitetura subjacente da forma, esses artistas usaram vários pontos de vista para fraturar imagens em formas geométricas. Em vez de formas modeladas em um espaço ilusionista, as figuras foram retratadas como arranjos dinâmicos de volumes e planos onde o fundo e o primeiro plano se fundiam.

Ao ver a obra de Picasso Les Demoiselles d’Avignon em seu estúdio, Braque intensificou suas explorações semelhantes na simplificação da forma. Ele fez uma série de pinturas de paisagens no verão de 1908, onde árvores e montanhas foram representadas como cubos e pirâmides sombreados, lembrando formas arquitetônicas. O cubismo foi apresentado ao público com a exposição individual de Braque que levou o crítico de arte francês Louis Vauxcelles a descrever o que viu como “cubicos bizarros”, dando assim ao movimento seu nome. Esse período ficou conhecido como cubismo cézzaniano.

1907 foi um ano decisivo para o desenvolvimento do cubismo. Cézanne que havia falecido no ano anterior, teve uma retrospectiva póstuma de seu trabalho no Salão de Paris. O uso de  formas geométricas para simplificar a natureza foi incrivelmente influente tanto para Pablo Picasso quanto para Georges Braque.  Os dois artistas se reuniam regularmente para discutir seu progresso e, às vezes, tornava-se difícil distinguir seus trabalhos. Ambos viviam em Paris, no famoso bairro boêmio de Montmartre, nos anos anteriores e durante a Primeira Guerra Mundial, facilitando sua colaboração.

Em 1912, o colecionador de arte alemão Daniel-Henry Kahnweiler, que vivia em Paris e era um grande incentivador da obra de Picasso e Braque, deu sua primeira entrevista pública sobre o cubismo, sem dúvida em resposta ao crescente interesse pelo movimento.

Quando a Primeira Guerra Mundial começou, Kahnweiler, como sendo alemão, foi exilado da França. Durante a guerra, Léonce Rosenberg tornou-se o principal negociante de arte cubista em Paris servindo como negociante de Picasso durante os anos entre as guerras.

Durante a década de 1910, os cubistas de salão, assim chamados porque mostravam seus trabalhos em exposições públicas, não trabalharam próximos a Picasso e Braque, mas foram influenciados por seus experimentos. Foi através do trabalho dos cubistas de salão que o movimento se tornou amplamente conhecido do público. São os principais artistas: Robert Delaunay, Albert Gleizes, Fernand Léger, Juan Gris, Henri Le Fauconnier, Roger de La Fresnaye e Jean Metzinger.

Em 1911, esses artistas expuseram juntos no Salão dos Independentes, apresentando o cubismo ao público em geral. O Salão funcionava sem júri onde a reação do público dependia de como e onde as pinturas eram expostas. Os cubistas conseguiram o controle do comitê dos neoimpressionistas para que suas obras pudessem ser penduradas juntas em uma sala como uma escola coerente. As pinturas causaram comoção, como o artista Albert Gleizes observou: “Enquanto os jornais soavam o alarme para alertar as pessoas para o perigo, e enquanto apelavam às autoridades públicas para que fizessem algo a respeito, compositores, satiristas e outros homens de inteligência e espírito provocou grande prazer entre as classes ociosas ao brincar com a palavra ‘cubo’, descobrindo que era um veículo muito adequado para induzir o riso que, como todos sabemos, é a principal característica que distingue o homem dos animais”.

Assim como o cubismo de Picasso e Braque, os outros artistas não continuaram fieis ao movimento após a Primeira Guerra Mundial, tendo apenas exposições esporádicas entre 1918 e 1925.

As diferentes fases do Cubismo

Cubismo cézzaniano ou primitivo (1908-09)
Essa fase inicial do movimento surgiu a partir da retrospectiva de Paul Cézanne em 1907, quando muitos artistas foram reintroduzidos ou apresentados pela primeira vez ao trabalho de Cézanne, que morava em Aix-en-Provence, no sul da França, antes de sua morte e não expunha em Paris há muitos anos. Vários artistas que viram a retrospectiva foram influenciados por sua falta de tridimensionalidade, a qualidade material de sua pincelada e seu uso de pinceladas uniformes.  Esta pintura de Georges Braque é um bom exemplo desse tipo de cubismo.

Casas em Estaque. Georges Braque. 1908

Cubismo Analítico (1910-12)
Nesta fase, o cubismo se desenvolveu de forma altamente sistemática, que mais tarde ficou conhecido como o período analítico, que baseava-se na observação atenta dos objetos em seus contextos de fundo, muitas vezes mostrando-os de vários pontos de vista. Picasso e Braque restringiram seus assuntos aos gêneros tradicionais de retrato e natureza morta e também limitaram sua paleta a tons de terra e cinzas suaves para diminuir a clareza entre as formas fragmentadas de figuras e objetos. Embora suas obras fossem muitas vezes semelhantes na aparência, seus interesses separados se mostraram ao longo do tempo. Braque tendia a mostrar objetos explodindo ou despedaçados em fragmentos, enquanto Picasso os tornava magnetizados, com forças de atração compelindo elementos do espaço pictórico para o centro da composição, como podemos observar nestas duas pinturas:

Violino e castiçal. Georges Braque.1910
Clarinete. Pablo Picasso. 1911

No final desta fase do cubismo, Juan Gris começou a fazer contribuições para o estilo: ele manteve uma nítida clareza em suas formas, forneceu sugestões de uma grade composicional e introduziu mais cores ao que havia sido um estilo monocromático e austero.

Natureza morta com flores. Juan Gris. 1912

Cubismo Sintético (1912-14)
Em 1912, Picasso e Braque começaram a introduzir diferentes elementos em suas composições, continuando suas experiências com múltiplas perspectivas. Picasso incorporou papel de parede que imitava uma cadeira de cana, iniciando assim a colagem cubista, e Braque começou a colar jornal em suas telas.  Os experimentos de Picasso com escultura também são incluídos como parte do estilo, pois empregam elementos de colagem.

Natureza morta com cadeira de cana (colagem). Pablo Picasso. 1912
Melodia de Violino. Georges Braque. 1914

Cubismo de Cristal (1915-22)
Como resposta ao caos da guerra, havia uma tendência entre muitos artistas franceses que realizaram uma experimentação radical, não sendo uma prática exclusiva do cubismo. Um historiador da arte descreveu esse estágio do movimento como o “produto final de um fechamento progressivo de possibilidades”. As obras desse período, estão associadas aos artistas de Salão, bem como também aos artistas da Escola de Paris.

Três Mulheres. Fernand Léger. 1921

Influencias do cubismo

O movimento foi gerador de uma série de estilos do início do século XX, incluindo construtivismo, futurismo, suprematismo, orfismo e De Stijl. Muitos artistas importantes passaram por uma fase cubista em seu desenvolvimento, talvez o mais notável deles tenha sido Marcel Duchamp, com a sua polêmica obra Nu descendo uma escada.

Nu descendo uma Escada. Marcel Duchamp. 1912 – Óleo sobre tela (89 x 146 cm) – Localização: Museu de Arte de Filadélfia

As ideias do movimento também alimentaram fenômenos mais populares, como o design e a arquitetura Art Déco. Movimentos posteriores, como o minimalismo também foram influenciados e é difícil imaginar o desenvolvimento da arte não representativa sem os experimentos dos cubistas.

Como outros movimentos artísticos de mudança de paradigma da arte do século XX, como o dadaísmo e a Pop Arte, o cubismo abalou as bases da arte tradicional, mudando o curso da história da arte que continuam repercutindo na era pós-moderna.

GALERIA

Paisagem. Albert Gleizes. 1914
Abundância. Henri Le Fauconnier. 1910
A conquista do ar. Roger de La Fresnaye. 1913
Hora do chá. Jean Metzinger. 1911

PRINCIPAIS REPRESENTANTES DO CUBISMO NO BRASIL

Nu cubista 1. Anita Malfatti. 1915
Estudo (Academia 1). Tarsila do Amaral. 1923
Tod. Lasar Segall. 1918
Homem Cubista. Ismael Nery. 1928
Primeira Missa no Brasil. Candido Portinari. 1948
O Grande Carnaval. Emiliano Di Cavalcanti. 1953
Menina de Bicicleta. Milton Dacosta. 1965
“Acredito que a Arte está em tudo no que nos rodeia, basta um olhar sensível para apreciar e usufruir das diferentes manifestações artísticas. A Arte é a grande e bela ilustração da vida.”

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