Emiliano Di Cavalcanti
Convido você a descobrir a vida e a obra de Emiliano Di Cavalcanti, um dos grandes nomes da arte moderna brasileira. Nascido em 1897 no Rio de Janeiro, Di Cavalcanti foi pintor, desenhista, ilustrador e um dos fundadores do modernismo no Brasil. Sua obra é marcada pela representação da cultura brasileira, com temas como o carnaval, o samba, as mulheres e a vida urbana. Com cores vibrantes e formas sinuosas, Di Cavalcanti criou uma linguagem visual única que celebrava a identidade nacional. Além de sua contribuição para a arte, Di Cavalcanti também foi um importante crítico e teórico, influenciando várias gerações de artistas brasileiros. Ao conhecer mais sobre Emiliano Di Cavalcanti, você descobrirá não apenas um artista talentoso, mas também um visionário cujo trabalho ajudou a definir a arte brasileira do século XX.
Di Cavalcanti é considerado um dos artistas brasileiros mais importantes, foi com Anita Malfatti os grandes iniciadores do movimento modernista no Brasil. Os diversos trabalhos que realizou durante sua vida renderam-lhe muitos prêmios e reconhecimento internacional. Di Cavalcanti ilustrou livros de escritores respeitados como Manuel Bandeira, Vinícius de Morais, Álvares de Azevedo e Jorge Amado. Sua participação em exposições, bienais, grupos artísticos e na Semana de Arte Moderna foi muito importante para o enriquecimento da cultura brasileira.
Biografia de Emiliano Di Cavalcanti
Emiliano Augusto Cavalcanti de Albuquerque nasceu no Rio de Janeiro no dia 06 de setembro de 1897. Dezessete anos mais tarde, com a morte do pai, começa a trabalhar para a Revista Fon Fon fazendo ilustrações. Esse contato com os desenhos torna-se a porta de entrada para a pintura, e é aí que nasce o famoso pintor modernista Di Cavalcanti.
Começou a pintar em 1920 e, já em 1921, pleiteia a exposição que resulta na Semana de Arte Moderna, sendo o seu idealizador – toma como modelo o Festival de Deauville, na França -, assim como é o autor do projeto gráfico do catálogo e programa.
A primeira imagem é a capa do catálogo da Semana da Arte Moderna, a segunda imagem é um cartaz de divulgação criada por Di Cavalcanti, a terceira imagem é um cartaz anunciando o último dia da semana com a apresentação de Villa-Lobos, a última imagem é um cartaz da Semana de 22 satirizando os grandes nomes da música, literatura e pintura.
Em 1923, após a Semana de 22, Di Cavalcanti faz sua primeira viagem à Europa, permanecendo em Paris até 1925. Expõe em diversas cidades: Londres, Berlim, Bruxelas, Amsterdam e Paris. Lá conhece muitos artistas, entre eles Matisse, Picasso, e outros intelectuais vanguardistas.
Nos anos 30, participa do Salão International Art Center em Nova Iorque e inicia suas participações em diferentes exposições coletivas. No mesmo ano, realiza uma de suas pinturas mais conhecidas: Cinco Moças de Guaratinguetá
Em 1932, Di Cavalcanti funda em São Paulo, com Flávio de Carvalho, Antonio Gomide e Carlos Prado, o Clube dos Artistas Modernos. Sofre sua primeira prisão durante a Revolução Paulista. Casa-se com a pintora Noêmia Mourão.
Em 1936, Di Cavalcanti esconde-se na Ilha de Paquetá e é preso com Noêmia e felizmente fora libertado por amigos. Viajam para Paris e lá permanecem até 1940. Com a iminência da Segunda Guerra , retorna ao Brasil, fixando-se em São Paulo.
As influencias de Pablo Picasso e de Diego Rivera, mudam características importantes em sua obra. A pintura do artista brasileiro, que até então costumava ser “suja”, com tinta espessa e matéria aparente, começa a apresentar-se lisa, homogênea, com mais frequência. As figuras humanas são, na maioria das vezes, robustas, de corpos roliços, em situações ambientadas em espaços abertos ao horizonte, ermos ou ao litoral. Mas diferentemente, por exemplo, dos trabalhadores de Candido Portinari, que fortes e imponentes, aparecem em pleno esforço ou em meio ao resultado de seu labor, os pescadores, estivadores e colonos pintados por Di Cavalcanti, estão quase sempre em momento de descanso ou de espera , sentados, deitados ou dormindo, em pausa.
À frente da imagem o artista coloca os dois personagens em uma posição de repouso. Mas observe que a figura masculina se apoia num objeto que parece ser uma ferramenta e que próximo a eles estão dispostos vegetais e frutos, que podem ser resultado de seu trabalho, como indica o título da obra, “Colonos”. Este termo costuma ser utilizado para nomear trabalhadores que plantam e colhem em terras que não lhes pertencem. Note o ambiente ao fundo. À princípio parece deserto, mas percebemos algumas árvores cortadas, que são indícios de que este local tenha sido manipulado pelo homem.
Na década de 50, Di Cavalcanti prossegue sua carreira com sucesso: o artista recebe uma proposta feita por Oscar Niemeyer para criar imagens para uma tapeçaria no Palácio da Alvorada, também outras para pintar as estações para a Via-Sacra da catedral de Brasília.
Em 1951, Di Cavalcanti é convidado a participar da I Bienal de São Paulo. Faz uma doação de mais de quinhentos desenhos ao MASP (Museu de Arte Moderna de São Paulo) . Beryl Tucker Gilman passa a ser sua companheira.
Em 1956 participa da Bienal de Veneza e recebe o primeiro Prêmio da Mostra Internacional de Arte Sacra de Trieste. Suas obras passam por exposições itinerantes por diversos países europeus.
Na década de 60, o então presidente João Goulart o indica para ser o artista adido cultural na França. Aceita a indicação e embarca para Paris, mas não assume por causa do golpe de 1964.
Em 1966 os trabalhos de Di Cavalcanti desaparecidos no início da década de 40, são localizados nos porões da Embaixada brasileira. Seu cinquentenário artístico é comemorado com muitos homenagens dedicadas a ele.
Declarou o pintor:
“Continuarei a pintar até a morte porque, além dos bens que obtenho com minha imaginação, nada mais ambiciono.” (Di Cavalcanti)
Faleceu no dia 26 de outubro de 1976, Rio de Janeiro. Suas obras contribuíram significativamente para a formação estética do modernismo e da arte brasileira.
O ARTISTA E SUA OBRA: Emiliano Di Cavalcanti
Quando tratamos de Di Cavalcanti, percebemos sua importância no Brasil e também em outros países. Ele inovou sem limites ao mundo da arte, com seu estilo tão brasileiro.
Recebe influências do expressionismo, do cubismo e dos muralistas mexicanos, onde abordou temas tipicamente brasileiros, como por exemplo, o nosso samba. Assim, em suas obras, é possível ver festas populares brasileiras, operários, entre outros segmentos nacionais.
Apaixonado pela vida boêmia carioca, pintou as mulheres em seus diversos momentos sob novos olhares para a época em diferentes estilos, sobretudo as mulatas.
Encontramos na obra de Di Cavalcanti temas sociais do Brasil, como festas populares, operários, as favelas, protestos sociais, porém o tema “Mulher”, sempre foi um dos assuntos preferidos do artista em todos os aspectos.
O MAC ( Museu de Arte Contemporânea) possui em seu acervo, além de pinturas, uma série de mais de 500 desenhos, que cobrem o período que vai da década de 20 até o ano de 1952: grafites, guaches e nanquins, aquarelas, generosamente doados pelo artista.
Em muitas de suas mulatas, encontramos Marina Montini, modelo e atriz brasileira, sua grande musa inspiradora . Ela era conhecida como a “mulata de Di Cavalcanti”, e assim foi por longos anos.
A modelo foi descoberta pelo pintor, numa reportagem da Revista Manchete, no fim dos anos 60. Seu encanto foi imediato, tanto que o pintor não sossegou enquanto não convenceu a modelo a trabalhar para ele. Ela posava para o pintor quase diariamente entre 1969 e 1976.
Em entrevista na década de 90, Marina lembrou que o pintor não podia pagar muito, mas ela posava mesmo assim por considerá-lo encantador e inteligente. Nos pincéis de Di Cavalcanti, a modelo, que nos anos 70 foi a mulata mais conhecida do país, passou por mudanças. Ela era magrinha, mas nos seus quadros ele a retratava com as pernas grossas.
Na gravura Mulata com Pássaro percebemos nitidamente que trata-se de Marina Montini, sua grande musa inspiradora a quem ambos trocaram anos de cumplicidade, na arte e na vida pessoal. Há quem diga que foram amantes e que depois da morte do artista, a modelo caiu em uma forte depressão e acabou entrando no mundo da bebida. A ligação da musa com o pintor acompanhou a modelo por toda sua vida. Quando encerrou o apogeu da carreira, vieram os problemas de saúde com complicações de cirrose. Com tudo isso , passou a ter também problemas financeiros e foi obrigada a morar no Retiro dos Artistas, a partir de 1976 em Jacarepaguá (RJ). Faleceu em 2004, aos 58 anos de idade, isolada e esquecida.
O cineasta Glauber Rocha, grande admirador de Di Cavalcanti, fez uma homenagem ao pintor durante o seu velório, sob protesto dos familiares. Ousou colocar o enterro do estimado pintor sob sons festivos e carnavalescos, tirando todo o peso cultural da morte. Quebrou o clima de dor e substituiu por um clima de alegria.
Desafiando esse tabu da morte, e mostrando aspectos de sua vida, a sua relação com o pintor, Glauber Rocha ao filmar a morte acabou filmando na verdade a vida.
Quebrar o tabu da morte foi algo tão impactante que até hoje a família proíbe a exibição do filme. Justificou o cineasta: “Carnavalizar a morte, e exaltar os aspectos da vida de Di Cavalcanti é a mais bela forma que vi de homenagem. Menosprezar o significado da morte é superá-la com as lembranças da vida. Dizer que a vida e a obra de Di Cavalcanti foram tão boas e construtivas que a morte se torna um mero pretexto para uma comemoração da vida e do legado do pintor, que sobreviverá.
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