Wassily Kandinsky: Biografia e principais obras
Wassily Kandinsky, um dos pioneiros da arte abstrata, revolucionou a maneira como entendemos e experimentamos a pintura. Nascido na Rússia em 1866, Kandinsky inicialmente seguiu uma carreira acadêmica antes de se dedicar à arte em sua vida adulta. Sua obra é caracterizada por cores vibrantes, formas geométricas e uma abordagem não figurativa que buscava expressar emoções e ideias espirituais. Ao longo de sua carreira, Kandinsky produziu uma série de obras influentes que desafiaram as convenções artísticas de sua época e continuam a inspirar artistas e admiradores da arte abstrata até hoje.
Wassily Kandinsky pintor nascido na Rússia, é considerado um líder na arte de vanguarda como um dos fundadores da pura abstração na pintura no início do século XX.
Wassily Kandinsky: Biografia
Wassily Kandinsky nasceu na cidade de Moscou em 16 de dezembro de 1866. Seus pais eram músicos, Lidia Ticheeva e Wassily Silvestrovich Kandinsky, um comerciante de chá.
Quando o menino Kandinsky tinha cerca de cinco anos de idade, seus pais se divorciaram e ele se mudou para Odessa para morar com uma tia, onde aprendeu a tocar piano e violoncelo, além de estudar desenho com um professor especializado. Mesmo quando menino, ele teve uma experiência íntima com a arte. As obras de sua infância revelam combinações de cores bastante específicas, infundidas por sua percepção de que “cada cor vive por sua vida misteriosa”.
Ele seguiu os desejos de sua família em entrar na Universidade de Moscou, onde estudou e lecionou direito no período de 1886 a 1896.
Kandinsky casou com sua prima Anya Ticheewa em 1892. Nesse mesmo ano e assumiu uma posição na Faculdade de Direito de Moscou, gerenciando trabalhos de impressão.
Em 1895, Kandinsky teve contato com a obra de Claude Monet e fica fascinado com as pinturas do impressionista, sobretudo com uma das pinturas Monte de Feno, que foi sua primeira experiência de arte não-representativa.
Em 1896, Wassily Kandinsky muda-se para a cidade de Munique, escolheu abandonar sua carreira de advogado e se mudar para a Alemanha (ele havia aprendido alemão com sua avó materna quando criança) a dedicar-se em tempo integral ao estudo da arte. Em Munique, Kandinsky foi aceito em uma prestigiada escola particular de pintura, seguindo para a Academia de Artes. Na época, predominava o estilo “art-nouveau” .
Com o apoio e os recursos do pai, Kandinsky organizou grupos de artistas e funda em 1901 o grupo “Phalanx”. Ele formou amizades com pintores da época, como Paul Klee. Frequentemente , ensinava aulas de arte e publicava suas ideias sobre teorias da arte.
Em 1903, ele conheceu a estudante de arte Gabriele Münter e foi morar com ela antes de seu divórcio com sua esposa ser finalizado em 1911. Juntos, viajaram muito pela Europa, fixando residência na Baviera em Murnau, na zona rural da Alemanha.
O estilo do artista já estava caminhando para a abstração a partir do Expressionismo, e sua obra foi o ponto de partida para o tipo de abstração que se preocupava muito mais com a emoção do que com a geometria e a ordem. Ele já havia formado a Associação de Novos Artistas em Munique a qual Gabriele era integrante.
Em 1910, publicou sua obra literária Do espiritual na Arte, em que argumenta que é possível comunicar cores e formas sem referência ao objeto. O livro conheceu um êxito notável: foi traduzido ao inglês e ao francês e foram feitas edições nos Estados Unidos, Japão e Espanha; influenciou muitos artistas, como Piet Mondrian.
Em 1911, funda o grupo Cavaleiro Azul (Der Blaue Reiter) com Franz Marc. No movimento “Der Blaue Reiter”, Kandinsky encontrou os princípios essenciais a que aspirava: extrair das forças da natureza e do instinto o sopro criador de suas obras.
Em 1915 separa-se de Gabrielle Münter.
A Primeira Guerra Mundial levou Kandinsky de volta à Rússia, onde seu olhar artístico foi influenciado pelo movimento construtivista, baseado em linhas duras, pontos e geometria. Enquanto estava lá, Kandinsky, então com 50 anos, conheceu a jovem Nina von Andreewsky, filha de um general do exército russo, e se casou com ela. Eles tiveram um filho, mas o menino viveu por apenas três anos e o tema das crianças se tornou um tabu. O casal permaneceu na Rússia após a revolução, com Kandinsky aplicando suas energias inquietas e abrangentes na administração de programas de arte educacionais e administrados pelo governo, ajudando a criar o Instituto de Cultura Artística de Moscou e o Museu de Cultura Pictórica.
De volta à Alemanha depois de colidir teoricamente com outros artistas, ele passou a lecionar na escola Bauhaus em Berlim e escreveu peças e poemas. Nesse período, escreveu seu segundo grande livro, sendo continuação do primeiro: Ponto e Linha sobre o Plano. Enquanto isso, seu ensinamento e sua obra encontram uma grande visibilidade e aceitação. São organizadas numerosas exposições de suas pinturas, entre elas as de Paris em 1929 e 1930.
Em 1933, quando os nazistas tomaram o poder, as tropas de choque fecharam a escola da Bauhaus. Embora Kandinsky tivesse alcançado a cidadania alemã, com a Segunda Guerra Mundial tornou impossível para ele permanecer na Alemanha. Mesmo assim, com o método inovador já havia sido muito divulgado, seu modelo de ensino foi implantado nos principais centros de arte do mundo. Atualmente, existem instituições que se baseiam no modelo da Bauhaus, como por exemplo a Universidade de Harvard, nos Estados Unidos.
Durante o período de sua existência (1919-1933), a Bauhaus dedicou-se a testar novas concepções artísticas em várias áreas – arquitetura, artes plásticas, escultura e design –, tornando-se assim um grande centro de estudos do modernismo e do funcionalismo. A ideia funcional de que “a forma segue a função” consolidou a corrente que marcaria a imagem do design do século XX.
Em julho de 1937, ele e outros artistas participaram da “Exposição de Arte Degenerada” em Munique. Das obras expostas, 57 de seus trabalhos foram confiscados pelos nazistas.
Kandinsky e Nina mudaram-se para o subúrbio de Paris no final dos anos 1930, quando Marcel Duchamp encontrou um pequeno apartamento para eles.
Quando os alemães invadiram a França em 1940, Kandinsky fugiu para os Pireneus, mas depois voltou para Neuilly, onde viveu uma vida bastante isolada, deprimido por suas pinturas não estarem vendendo. Embora ainda sendo considerado polêmico por muitos, ele ganhou defensores proeminentes como Solomon Guggenheim e continuou a exibir até sua morte.
Wassily Kandinsky morreu de doença cerebrovascular em Neuilly-sur-Seine, bairro residencial de Paris, França. Faleceu em 13 de dezembro de 1944.
Pouco do trabalho que Kandinsky produziu na Rússia sobreviveu, embora muitas das pinturas que ele criou na Alemanha ainda existam. Quinze anos depois de sua morte, o seu nome seria a chave e senha da arte abstrata e a plataforma fundamental do movimento artístico durante duas décadas consecutivas.
Em 1955, graças a dedicação de Max Bill, difusor da obra do grande artista, foi editada postumamente a coleção de ensaios de Kandinsky, sob o título “Ueber Kunst und Küstler” (Da arte e do Artista).
Em 1981, sua viúva, Nina, que já tinha doado parte das obras, completou o legado de obras ao Museu Nacional de Arte Moderna de Paris.
Em novembro de 1984, o Centre Pompidou de Paris exibiu a mais numerosa exposição de obras de Kandinsky: cinquenta e nove quadros, além da biblioteca e dos instrumentos utilizados pelo grande artista, uma das chaves do tumultuado século XX.
SUA OBRA
Wassily Kandinsky é considerado por alguns o primeiro pintor totalmente não representativo a obter composições complexas apenas com objetos quase irreconhecíveis. Muito do seu estudo foi auto-dirigido. Ele começou com temas convencionais, mas durante todo o tempo ele estava formando teorias derivadas de estudo espiritual dedicado e informado por uma intensa relação entre música e cor. Essas teorias se fundiram na primeira década do século XX, levando-o ao seu status final de pai da Arte abstrata.
Kandinsky percebeu a força emocional da música na década de 1890, quando assistiu a uma apresentação de Lohengrin, ópera de Richard Wagner. Anos depois, ficou amigo de Arnold Schönberg, cujo método de composição em doze tons representou uma mudança decisiva na música do século XX. Suas obras foram associadas aos movimentos expressionistas, permitia que os sons permanecessem dissonantes e irresolutos, respeitava as estruturas convencionais para dar significado à composição. Da mesma forma, Kandinsky substituiu a representação pela abstração.
Kandinsky acreditava que cada período de tempo coloca sua marca indelével na expressão artística. Suas vívidas interpretações da cor através das sensibilidades musical e espiritual certamente alteraram a paisagem artística no início do século XX, precipitando a era moderna.
Kandinsky juntamente com Piet Mondrian e Kasimir Malevich faz parte do chamado “trio sagrado da abstração”, sendo ele o mais famoso. Além de pintor, ele também deixou poemas brilhantes, abstratos, que faziam referência a cores e linhas, tais quais surgiam na percepção do artista e de sua genialidade.
GALERIA DE ALGUMAS OBRAS
O CAVALEIRO AZUL – Este quadro célebre data dos anos de Munique, quando o artista russo pesquisava novas estruturas de imagens e de cor. A romântica imagem do cavaleiro e seu cavalo branco galopando sobre a colina é o símbolo da energia e do dinamismo. a partir dele, iniciou o movimento “Der Blaue Reiter” (O Cavaleiro Azul)
BELEZA RUSSA EM UMA PAISAGEM – A partir da II Guerra Mundial, Kandinsky passou a dividir seus quadros em três grupos: Impressão – Improvisação – Composição
Esta tela onde se encontram elementos românticos, pertence ao grupo de obras dos primeiros anos de sua carreira. O artista confessa: “Nessa época, eu buscava exprimir a musicalidade da paisagem russa por meio de linhas diretrizes e de numerosas e pequenas manchas de cor”.
MUNIQUE COM A IGREJA DE SANTA ÚRSULA – Numa época em que os críticos mais tradicionais torciam o nariz e consideravam os quadros impressionistas meros borrões de tinta sobre a tela, Kandinsky ficou deslumbrado. As obras nos impressionistas e dos chamados pós-impressionistas para criar uma nova forma de arte. Assim estava plantada a semente da arte abstrata, forma de expressão que teria em Kandinsky um pioneiro e um de seus mais ardorosos teóricos.
PAISAGEM DE INVERNO – Mostrando a influência do colorido fauvista em suas primeiras obras, Kandinsky inclui fortes linhas e contornos, elementos essenciais de suas obras abstratas posteriores.
ESTRADA DE FERRO EM MURNAU – Essa é uma obra em que podemos observar a tendência progressiva do artista em direção à arte abstrata. As casas, as árvores não são mais do que linhas; a cor parece querer se destacar de sua função ilustrativa para abrir espaço à improvisação. O movimento é comunicado pelo trem negro que corta a paisagem multicolorida.
PRIMEIRA AQUARELA ABSTRATA – Através dessa aquarela de Kandinsky, é que ele inaugura definitivamente o ciclo histórico da arte não-figurativa. Há quem defenda que, sem dúvida o artista havia se proposto a reproduzir o primeiro contato com o ser humano com o mundo que lhe era desconhecido. A obra resulta em um conjunto de linhas, cores e formas que remetem a coisas sem identidade, mas transmitem uma perfeita harmonia entre esses elementos utilizados.
IMPROVISAÇÃO – Pode-se acompanhar, pelas obras pintadas por Kandinsky entre 1909 e 1912, a progressão do artista em direção à abstração. As formas conhecidas se traduzem em fórmulas, depois em composições inteiramente autônomas, que abrem passagem e para a alegria de associações as mais variadas. As montanhas e as árvores tornam-se linhas curvas e sinuosas; os animais, entrelaçamentos dinâmicos; os homens, as casas, figuras fantásticas. E ainda que a cor perca sua função ilustrativa, a representação cede lugar à “composição” e à “improvisação”. O próprio título é substituído por um simples número ou por uma indicação de ordem geral.
NO QUADRADO NEGRO – Por volta de 1920, Kandinsky se afasta da maneira dramática do período precedente para explorar um mundo muito diferente: o das formas puras e das cores claramente articuladas. Elementos mais ou menos geométricos tornam-se instrumentos.
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ALGUNS CÍRCULOS – As teorias do grupo de pesquisa da Bauhaus privilegiavam o estudo do círculo como “símbolo da eternidade e do infinito”, cujas cores fundamentais eram o vermelho, o azul, o amarelo e o violeta. A respeito disso, dirigindo-se a um crítico, Kandinsky escreveu:
“… você notou a preferência que concedo ao círculo. Essa forma simples, essencial e maleável me encanta por causa de suas possibilidades infinitas…”.
CORTE NA SERENIDADE – Fundo sombrio, formas geométricas, cores sóbrias: estes são os elementos que caracterizam esta tela. Trata-se de uma obra que registra mais uma vez a atenção particular consagrada às cores que, para os artistas da Bauhaus, podiam ser quentes ou frias, dinâmicas ou passivas, violentas ou doces, tendo sobre o observador um efeito benéfico ou subversivo,
COMPOSIÇÃO X – Executada na França, esta pintura monumental conta com um fundo preto para realçar o impacto visual das formas onduladas de cores vivas em primeiro plano. A presença da expansão negra é significativa, pois Kandinsky usava apenas a cor com moderação; é evocativo do cosmo assim como a escuridão no final da vida. Os planos ondulantes da cor chamam à mente os organismos microscópicos, mas também expressam os sentimentos emocionais e espirituais internos que Kandinsky experimentou perto do fim de sua vida.
O ARROJO MODERADO – Esta foi o última obra feito por Kandinsky onde podemos observar um aparente sentimento de melancolia pelas cores utilizadas: o violeta do fundo combina com as tonalidades de vermelhos, azuis e verdes das formas empregadas na composição fantasiosa. A maior delas ocupa toda a superfície do quadro.
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