Maneirismo

O Maneirismo é um movimento artístico, que surgiu entre o Renascimento e o Barroco. Aconteceu em um período altamente imaginativo na arte após o clímax de perfeição que a pintura naturalista havia alcançado na Itália renascentista. Novas descobertas na ciência afastaram a sociedade dos ideais humanistas e as pinturas não mais postulavam o homem como o centro do universo, mas sim como participantes isolados e periféricos dos grandes mistérios da vida.

Artistas em Florença e Roma do século XVI começaram a se desviar das influências clássicas e se mover em direção a uma abordagem mais intelectual e expressiva. Isso deu início a um desvio de retratos autênticos de figuras e temas, uma rejeição da harmonia e o desenvolvimento de um novo estilo dramático não confinado pelo plano pictórico, realidade ou correção literal. A assimetria radical, o artifício e o decorativo também informaram esse movimento.

O Maneirismo inicial expressou uma abordagem antitradicional que durou até 1535, foi seguido pelo Alto Maneirismo, onde um estilo mais intrincado e artificial atraiu patronos mais sofisticados, tornando-se uma espécie de estilo da corte. Mais tarde, o uso do termo Maneirismo, surgiu para denotar um período específico da história da arte,  foi iniciado por Luigi Lanzi, um historiador de arte e arqueólogo século XVII.

Um elemento chave do Maneirismo, foi o uso de serpentinata figurativa, ou “figura serpentina”, cuja representação de corpos humanos, apresentam formas de serpentes, com membros estendidos, formas alongadas e uma graça fluida em forma de S, essas figuras apresentavam um sobrenatural que se afastava das interpretações clássicas.

O Rapto da Sabina. Giambologna. 1582

Muitas obras maneiristas apresentavam indivíduos ou cenas em cenários não naturalistas, muitas vezes sem qualquer base contextual, convidando o espectador a uma experiência mais filosófica do que a uma leitura literal da obra.

Os maneiristas foi um grupo que repudiava a mera imitação da natureza na arte e, em vez disso, procurava expressar os aspectos psicológicos subjacentes de uma obra além de seus temas mitológicos ou religiosos. Esses conceitos informaram um corpo de trabalho que é profundamente evocativo do Divino e universalmente conhecido por manifestar a espiritualidade que está por trás de todo ser.

PRINCIPAIS ARTISTAS

Parmigianino (1503-1540)  – Artista italiano, foi o principal pintor de Palma. considerado um virtuoso excêntrico, mas tecnicamente competente, que também trabalhou em Roma e Bolonha.

Casamento Místico de Santa Catarina. Parmigianino. 1529

Giuseppe Arcimboldo (1527-1593) – Arcimboldo foi um pintor italiano conhecido por seus retratos humanos fora do comum, cujo estilo único incorpora uma verdadeira sagacidade surreal,  composto de frutas, vegetais, animais, livros e outros objetos.

O Bibliotecário. Arcimboldo. 1566

Bronzino (1503-1572) – é considerado um mestre do retrato cuja pintura incorporava as crenças e os ideais gentis dos duques dos Médicis da Itália do século XVI. Ele desenvolveu seu próprio estilo linear meticuloso que deveu tanto à influência de Michelangelo e Rafael Sanzio . O artista produziu uma série de pinturas mitológicas através das quais ostentava seu amor pelo simbolismo e domínio da coloração.

Uma alegoria com Vênus e Cupido. Bronzino – c. 1545

El Greco (1541-1614) – Doménikos Theotokópoulos, artista nascido na Grécia como viveu boa parte de sua vida na Espanha, lá ficou conhecido como El Greco (O grego). Sua vida e sua obra foram marcadas por uma profunda e subjacente devoção a Deus. Ele dominou uma longa tradição de arte de ícones bizantinos, mas quando finalmente se estabeleceu na Espanha, sua inspiração foi em grande parte extraída do renascimento italiano e espanhol.

Coroação da Virgem. El Greco. 1591

Caravaggio (1571-1610) – Importante pintor italiano, criou pinturas marcantes e inovadoras, sendo um  pioneiro no uso de iluminação dramática e na representação de figuras religiosas em roupas e atitudes modernas. Ele teve uma profunda influência nos pintores ao seu redor e nos movimentos artísticos posteriores, notadamente a arte barroca e o realismo do século XIX.

Narciso. Caravaggio. 1599

Ticiano (c.1488-1576) – Ticiano Vecellio foi um dos maiores pintores renascentistas da Escola Veneziana, combinando ideias da Alta Renascença e Maneirismo para desenvolver um estilo que estava bem à frente de seu tempo. Foi um dos mais famosos retratistas da época, bem como também pintou uma série de temas religiosos e mitológicos. Ele teve um enorme impacto em seus contemporâneos e suas telas podem ser vistas como precursoras do drama emocional da arte barroca, além de influenciar inovadores posteriores.

A Vênus de Urbino. Ticiano. 1538

Paolo Veronese (1528-1588) – Paolo Caliari, o italiano nascido em Verona, assim ficou conhecido como Veronese, é considerado um dos mestres mais famosos do final do Renascimento. O artista pertence à Escola Veneziana que se destacou como um excelente colorista e pintor do elegante e grandioso, de narrativas que transmitiam seus significados através de esquemas de cores ricos e fluidos.

Bodas de Caná. Paolo Veronese. 1562-63 – Óleo sobre tela (990 x 660 cm) – Localização: Museu do Louvre, Paris

Benvenuto Cellini (1500-1571) – Cellini foi um importante escultor italiano, é considerado o maior ourives de sua época. Ele também foi o autor da célebre “Autobiografia”. A obra exemplificada abaixo,  foi chamada de “obra-prima da escultura maneirista”, mas também exemplificava o estilo decorativo pródigo da corte francesa.

O Saleiro. Benvenuto Cellini. 1543

Tintoretto (1518-1594) – Jacopo Robusti ficou conhecido como Tintoretto pela profissão de tintureiro de seu pai (tintore em italiano). Sua obra é caracterizada pela ousadia inventiva tanto no manuseio quanto na composição. A maioria de suas pinturas são narrativas, animadas por iluminação e gestos dramáticos. Ele foi profundamente influenciado por Ticiano, nos empregos das cores com as formas energizadas de Michelangelo.

A origem da Via Láctea. Jacopo Tintoretto. 1575

OBRA EM DESTAQUE – ARTE COMENTADA

A Última Ceia. Tintoretto. 1594 – Óleo sobre tela (365 x 568 cm) – Localização: San Giorgio Maggiore, Veneza

Tintoretto pintou a Última Ceia várias vezes em sua vida. Esta versão pode ser descrita como a festa dos pobres, na qual a figura de Cristo se mistura com a multidão de apóstolos. No entanto, uma cena sobrenatural com figuras aladas aparece pela luz ao redor de sua cabeça. Isso confere à pintura um caráter visionário que a diferencia claramente das pinturas do mesmo tema feitas por pintores anteriores como Leonardo da Vinci. A curiosa posição diagonal da mesa é explicada pela instalação da pintura na parede direita do presbitério de San Giorgio Maggiore.

A Última Ceia tem sido um tema popular na arte desde os primeiros dias do cristianismo. Isso foi especialmente verdadeiro durante o Renascimento, que produziu a representação mais famosa do assunto no mural de Da Vinci para o convento de Santa Maria delle Grazie, que encarna o melhor da estética do Alto Renascimento.

Cinquenta anos depois de Da Vinci ter completado sua obra prima, o grande pintor veneziano Tintoretto se veria igualmente cativado pelo tema. Em suas mãos,  a harmonia da era renascentista se dissolve em algo mais caótico, sombrio e místico.

“Acredito que a Arte está em tudo no que nos rodeia, basta um olhar sensível para apreciar e usufruir das diferentes manifestações artísticas. A Arte é a grande e bela ilustração da vida.”

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