Entre os inúmeros muros pichados, grafitados, pintados e cobertos por cartazes espalhados pela cidade, destacam-se os desenhos em escala colossal de uma São Paulo de outrora, que chamam a atenção de quem passa pelo tráfego caótico da Avenida 23 de Maio. Esta é a visão e a ideia provocada pela obra “Muros da Memória”, do renomado artista Eduardo Kobra.

Diversos senhores e senhoras de chapéu, representados em tons de preto, branco e cinza, podem ser identificados à distância, mesmo que, de perto, as formas pareçam simples e até mesmo desengonçadas, reminiscentes de um quadro de Monet que deve ser apreciado à certa distância para revelar toda sua beleza.

Este mural, com impressionantes mil metros quadrados, foi criado em comemoração aos 455 anos da cidade de São Paulo. Devido à sua grandiosidade, a obra faz parte da série “Muros da Memória”, que projetou Eduardo Kobra, paulistano de nascimento, para o estrelato da arte contemporânea brasileira, mais especificamente da street art. Kobra prefere ser denominado muralista, uma forma de categorizar e facilitar a divulgação de seu trabalho artístico.

De onde veio a inspiração de “Muros da Memória”?

A inspiração para a obra surgiu após Kobra visitar uma exposição em São Paulo que retratava os casarões e as árvores da Avenida Paulista dos anos 1920:

“Percebi que quase tudo havia se perdido, daí a ideia de reconstruir artisticamente e pintar o que eles haviam demolido, criando uma janela para uma cidade que já não existe mais” – Eduardo Kobra

Em suma, a obra de Kobra é uma homenagem nostálgica a uma São Paulo que se foi, mas que permanece viva através de sua arte, evocando memórias de uma cidade que resiste no imaginário coletivo.

A grandiosidade e a complexidade do mural de Kobra destacam-se não apenas pela técnica e escala, mas também pelo profundo impacto emocional que provoca nos espectadores. A obra não apenas celebra a história da cidade, mas também convida os paulistanos a refletirem sobre o passado e a valorizarem o que resta de sua herança cultural.