Biografia de Pablo Picasso e sua obra
A vida e a obra de Pablo Picasso se estenderam por quase um século. Ele e sua obra multifacetada encarnam o próprio espírito do século XX. Cosmopolita, iniciou no impressionismo francês, na pintura figurativa espanhola e na arte primitiva africana. Múltiplo, pintou, fez litogravuras, cenários de balé, esculpiu e ainda conseguiu arranjar tempo para namorar e inventar o Cubismo. A cada nova paixão, sua arte ganhava um novo impulso. Assim sua vida será resumida aqui, contando suas paixões e como isso esteve diretamente relacionado com a sua obra.
BIOGRAFIA
Pablo Picasso nasceu na cidade de Málaga, que fica localizada na região da Andaluzia, costa sul da Espanha, em 25 de outubro de 1881. Filho de José Ruiz Blasco e María Picasso y López. Ao nascer recebeu nada menos que catorze nomes: Pablo Diego José Francisco de Paulo Juan Nepomuceno Maria de Los Remédios Críspin Crispiano Santíssima Trinidad Ruiz y Picasso. Mais tarde ele viria a usar somente o sobrenome da mãe, Picasso.
Picasso nasceu artista. Dizem que o desenho foi a sua primeira forma de comunicação. Quando começou a falar, a primeira palavra que pronunciou foi “lápis”. Seu pai José, era professor de desenho e pintura numa escola de arte local e completava o salário modesto com outros empregos, como curador do museu da cidade e restaurador. Quando estava com sete anos seu pai começou a ensinar-lhe pintura. Aos treze finalizou um esboço que seu pai havia iniciado e, quando José viu o talento do filho, entregou a Picasso sua paleta e seus pincéis, jurando que nunca mais tornaria a pintar. Ainda aos treze, Picasso matriculou-se na Academia de Belas-Artes em que seu pai era professor.
Picasso frequentou por pouco tempo a Academia de Madri, depois a de Barcelona, seus professores pareciam não ter nada a lhe ensinar. A cidade de Barcelona, entretanto, deu a ele acesso a novos amigos no meio artístico que imitavam o estilo boêmio da vida nos cafés de Paris. Picasso ganhou senso de liberdade, mas ainda queria conhecer pessoalmente a nova arte que surgia em Londres e Paris.
Picasso chegou a Paris em outubro de 1900, com seu amigo Carlos Casagemas. Foram morar no famoso bairro em Montmartre. Permaneceu apenas o tempo suficiente para encontrar um marchand que se ofereceu para vender seu trabalho e, então, voltou a Espanha para passar o Natal com a família. Ele voltaria a Paris no ano seguinte, mas então seu amigo Casagemas estaria morto: cometera suicídio, depois de um caso amoroso infeliz. A morte do amigo dá início ao Período Azul do artista, que se estende até 1906. Por isso, esse período ficou conhecido como Fase Azul. Picasso diria depois: “Não tive a menor intenção de pintar símbolos. Simplesmente pintei imagens que surgiram diante dos meus olhos. Deixo para outros a tarefa de encontrar significados ocultos”. O estilo e a predominância do azul, entretanto, são características dos quadros que fez nessa época tão triste.
Um tema sempre recorrente no período azul de Picasso (e também em seu período rosa) é a desolação de forasteiros sociais, sejam eles prisioneiros, mendigos, pessoas circenses ou pessoas pobres ou desesperadas em geral. Esse tema não apenas respondeu ao seu humor azul, como também respondeu ao espírito da época da vanguarda artística e intelectual do começo do século XX.
Depois de mudar-se para Paris, Picasso fez muitos amigos, incluindo o poeta Guillaume Apollinaire. Picasso passa a residir no Bateau Lavoir, nome dado a um prédio de apartamentos em Montmartre, hoje famoso por sua ligação com tantos artistas. A partir daí inicia sua Fase Rosa
A Fase Rosa foi curta, abrange o período de 1904 a 1906. Coincide com um fato que causou muita alegria e romance pessoal para o artista. Em 1904, Picasso conheceu Fernande Olivier, uma artista e modelo francesa que se tornou sua musa e amante. Acredita-se que ela tenha inspirado parcialmente a transição artística de Picasso do tom frio e sombrio do Período Azul para o aumento do calor e leveza do Período Rosa.
Em sua primeira visita a Paris ele penetraria numa cidade povoada de artistas à procura de novas e diferentes concepções de pintura. O impressionismo já era bem conhecido. Seu expoente máximo, Claude Monet, gozava de prestígio internacional. Degas e Renoir seguiam caminhos próprios. Picasso, a princípio, fez experiências a partir de todas essas influências, mas rapidamente fixou um padrão próprio quando conheceu a obra de Paul Cézanne, e criou junto com Georges Braque o movimento conhecido como Cubismo.
Em 1906 Picasso já começava a ser notado pelos círculos importantes. A crítica de arte parisiense voltava a sua atenção para o artista de 25 anos cujo excitante trabalho rivalizava com o de Henri Matisse. Durante a primavera e o verão de 1907 trabalhou numa pintura que viria quebrar as tradições artísticas que dominavam a arte ocidental nos últimos quinhentos anos. Inicialmente o quadro foi chamado de O Bordel, mais tarde ficou conhecido como Les demoiselles d’Avignon (As senhoritas de Avinhão). Essa pintura, mais do que qualquer outro, serviu para romper com muitas tradições. Foi o prólogo do cubismo que preparou caminho para a arte do século XX e toda arte contemporânea.
Georges Braque parceiro de Pablo Picasso, foi um dos pintores comprometidos com o cubismo. Desenvolveram a princípio o cubismo cézanniano, com base na obra de Paul Cézanne. Na sequência foram mais além e criaram o cubismo analítico. Fernand Léger e Juan Gris também aderiram ao movimento, mas com mais ênfase ao cubismo sintético.
Mesmo seguindo essa tendência, a partir de 1909, Pablo Picasso começaria a explorar novos métodos e estilos. Ele absorveu o que precisasse de cada novo movimento de arte e então seguiria em frente, em vez de fixar-se em uma ideia, em um único estilo, como fizerem os outros cubistas.
Parecia impossível a Picasso ser fiel a uma mulher. Depois que Fernande o abandonou numa noite de verão em 1911, ele começou a cortejar uma amiga de Fernande, Marcelle Humbert. Picasso a chamava de Eva, querendo dizer que era seu primeiro amor, e tudo indica que ele se apaixonou profundamente por ela. O artista declarou a seu agente que amava tanto Eva que escreveria isso em seus quadros. Por essa época as palavras ‘Ma Jolie’ (minha bela) começaram a aparecer em suas pinturas. Era o nome de uma canção bastante popular, e parece que Picasso o adotou como uma forma carinhosa de chamar Eva. Mas esse relacionamento não duraria. Eva morreu tragicamente de uma enfermidade em 1915.
Em 1915 Picasso conheceu o pianista e compositor Erik Satie. Nessa época Satie compunha músicas para o balé chamado parade, produzido pelo famoso empresário russo Serge Diaglilev. Picasso aceitou pintar os fundos de cena e figurinos. Uma das dançarinas, Olga Khokhlova, filha de um general russo, atraiu Picasso.
Em julho de 1918 eles estavam casados. Em fevereiro de 1921, Olga Khokhlova, deu à luz um filho chamado Paulo. Por algum tempo, o artista foi um pai dedicado, e sempre se deliciava em fazer esboços e pinturas do filho. Nesta época as obras de Picasso já eram muito procuradas e vendidas por altos preços.
Já passado dos quarenta anos, Picasso era um verdadeiro sucesso. Os dias boêmios de pobreza, na parte mais modesta de Paris, deram lugar à riqueza e ao conforto de sua vila na costa do Mediterrâneo, a limusines com motoristas – e a um casamento infeliz.
Em 1927 conheceu Marie-Thérèse Walter um garota de dezessete anos e iniciaram um caso amoroso. Picasso continuava casado com Olga, os encontros com a amante aconteciam às escondidas. No entanto as pinturas desse período teriam entregado o segredo, se Olga as observasse com cuidado, o que não parecia interessada em fazer.
Em 1935, Marie-Thérèse teve uma filha com o artista, chamada Maria-Concepción, apelidada de Maya. A primeira filha de Picasso recebia o nome da irmã dele, morta quarenta anos antes na Espanha. Com o nascimento de Maya em 1935, Picasso e Olga se separam. Era impossível para ele obter o divórcio, por isso não pôde casar-se com Marie-Thérèse, mãe de Maya.
Em 1936 um amigo de Picasso, o poeta Paul Éluard apresentou-o à fotógrafa Dora Maar. O artista imediatamente apaixonou-se por ela e tornaram-se amantes, mesmo assim continuou seus encontrou com Marie-Thérèse. Com Dora Maar seu romance durou quase dez anos. Seu nome era Henriette Theodora Marković, foi outra musa marcante na trajetória de Pablo Picasso. Morena de olhos verdes, a francesa que cresceu na Argentina revelou ser uma talentosa poeta e, posteriormente, uma habilidosa fotógrafa.
Nessa época, notícias perturbadoras sobre atividades dos nazistas na Alemanha começavam a aparecer. Em 1936 a Guerra Civil eclodiu na amada Espanha de Picasso com o exército nazista colaborando para espalhar a destruição. Dora Maar com suas fotografias, colaborou com o amante a produzir sua obra-prima, Guernica. Quando descobriu que Picasso se encontrava com outras mulheres, Dora Maar teria enlouquecido e foi mandada para um hospital. Nunca mais se relacionou com homens e teria dito a seguinte frase: “Depois de Picasso, só Deus”.
Desde o rompimento com Olga, Picasso viveu sozinho, passando apenas os finais de semana com Marie-Thérèse e pequenos períodos com Dora Maar, até conhecer Françoise Gilot na Paris ocupada pelos nazistas em 1943. Com Françoise o pintor se sentiu diferente. Ele com 64 anos e ela cerca de quarenta anos mais nova, eram amantes. Foram morar juntos em Antibes, onde em 1947, nasceu o primeiro filho do casal de nome Claude. Pouco tempo depois, tiveram uma filha, a quem deram o nome de Paloma.
A vida comum de Picasso com Françoise durou até 1953. Ela não aceitou sua vida paralela com Marie-Thérèse Walter, além de outros casos ocasionais que surgiam e ela ficava sabendo. Decidida em abandoná-lo, levou seus filhos de Antibes para Paris deixando Picasso sozinho, mas foi por pouco tempo. Depois da partida de Françoise, ele conheceu Jacqueline Roque.
Jacqueline Roque tornou-se a segunda esposa oficial de Picasso. Se conheceram na cidade de Vallerius no sul da França. A morte de Olga em 1955 deu-lhe a liberdade de casar-se novamente. Após viverem juntos todo esse período, finalmente se casaram em 1961. Jacqueline tornou-se o tema de suas pinturas, assim como todas as outras mulheres que teve ao longo de sua vida. Ele a pintou obsessivamente, reduzindo a forma, contornos e cores, linhas e texturas.
Picasso e Jacqueline compartilhavam uma ampla casa em Notre-Dame-de-Vie, no povoado de Mougins, com vista para a baía de Cannes, ela tornou-se um enorme estúdio onde o artista prosseguia sua imensa produção de pinturas e de esculturas. Picasso com oitenta anos, ainda viverá outros treze, enganando a morte, entregado com fúria e amor à sua obra. Uma parte importante irá para o Museu Picasso de Barcelona, inaugurado em 1963.
Pablo Picasso se adentra em sua solidão. Sobreviveu a todos os seus companheiros e amigos. Muito pouco eleitos têm acesso ao velho artista, vigiado de perto por sua esposa. Só Alberti, Maria Teresa León, Joan Miró, Luis Miguel Dominguin e sua família, Malraux, Hélène Parmelin (autora de Picasso Desconhecido) e o fotógrafo David Douglas Duncan serão testemunhas da sua vida e trabalho.
Em 1966 a França e o mundo rendem-lhe homenagem com a grande exposição de sua obra, pintura, cerâmica e escultura, nos Grand e Petit Palais de Paris.
Em 1967, as pinturas do artista são vendidas pelo mais alto preço alcançado pelos trabalhos de uma artista ainda vivo.
Em 07 de abril de 1973, em sua mansão de Mougins, trabalhou, como cada dia, durante dez ou doze horas, conversou com algum amigo, despachou assuntos, fumou seus cigarros negros que nunca lhe deixavam. Jantou com Jacqueline e brindou por sua saúde. Na manhã seguinte acordou com uns leves incômodos respiratórios e as 12:20 faleceu aos 91 anos, sob os cuidados do doutor Rance. Por decisão de Jacqueline e da família do artista, Picasso foi sepultado no parque do Castelo de Vauvenargues, ao pé da Montanha Sainte-Victoire, a amada de Cézanne. Uma tormenta de neve, inesperada não comum a essa época, acompanhou o enterro como se a natureza, triste quisesse participar do adeus ao grande mestre PABLO PICASSO.
ARTE COMENTADA…
Esta é uma das primeiras pinturas realizadas por Picasso, aos catorze anos. A modelo é desconhecida, é uma garota conhecida de sua família que na época serviu de modelo para seus estudos. Foi a favorita do artista por muitos anos, e pode ser que lhe recordasse sua irmã, Concepción, que morreu no mesmo ano em que pintou essa tela .
Picasso pintou esta obra acadêmica aos quinze anos. Recebeu uma menção honrosa na Exposição Nacional de Belas-Artes de 1897 e uma medalha de ouro numa competição em sua cidade natal, Málaga.
O médico que está tomando o pulso da paciente tem o pai dele como modelo, identificável pelo cabelo avermelhado. A pintura mostra a habilidade precoce de Picasso.
Em 1900 foi a Londres fixando-se em seguida em Paris. Não é por acaso que sua primeira pintura na capital da arte foi “Le Moulin de la Galette” , um ponto de encontro dos artistas que Picasso tanto escutara falar. Nessa pintura encontramos nitidamente a influência dos impressionistas.
O suicídio do amigo que tanto o apoio no início de sua carreira em Paris, dá início ao Período Azul do artista, que se estende até 1906. Nessa pintura, Picasso recebe influência do renascentista El Greco.
A Fase Azul de Picasso é o período entre 1900 e 1904, quando ele realiza pinturas essencialmente monocromáticas em tons de azul e azul-verde, apenas ocasionalmente aquecido por outras cores. Seus trabalhos nesse período, pareciam refletir sua experiência de relativa pobreza e instabilidade. No final de 1901, ele pintou vários retratos póstumos de Casagemas, culminando na sombria pintura La Vie (A Vida), o qual seu amigo é o homem retratado nessa obra.
Acrobata em uma Bola
A obra “Acrobata em um uma Bola”, integra as pinturas de transição entre os períodos “azul” e “rosa”. O artista joga no contraste e equilíbrio de formas ou linhas, peso e luz, estabilidade e instabilidade. A Fase Rosa devolveu ao artista um mundo de formas, dimensões e espaços pouco transformados, mas reais onde as pinturas foram mais uma vez preenchidas com a vida, em oposição aos personagens do Período Azul.
O Cubismo cézanniano tem influências notórias de seu precursor, Paul Cézanne. Assim podemos observar nessa obra criada na primeira fase do cubismo.
Temos nesse retrato, um exemplo do cubismo analítico que se desenvolveu com trabalhos mais aprofundados de Picasso e Braque a partir de pesquisas iniciadas com o cubismo cézanniano.
No início do século XX, os cubistas Pablo Picasso e Georges Braque transformaram a colagem, tradicionalmente usada em álbuns de recortes, numa forma de arte. A colagem é uma imagem produzida com recortes de jornal, fotos e outras imagens impressas colados numa superfície plana e muitas vezes combinados com pintura. Por definição, a colagem usa técnica mista – mais de uma técnica – em uma única obra. A expressão “técnica mista” também se aplica ao uso de mais de um tipo de tinta, ou à pintura combinada com desenho.
Marcelle Humbert foi uma paixão avassaladora que Picasso teve que deu início em 1911. Passou a chamá-la de Eva. Por essa época as palavras ‘Ma Jolie’ (minha bela) começaram a aparecer em suas pinturas. Era o nome de uma canção bastante popular, e parece que Picasso o adotou como uma forma carinhosa de chamar Eva. Mas esse relacionamento não duraria, porque ela morreu tragicamente de uma enfermidade em 1915.
Mesmo sendo um dos fundadores do Cubismo, Picasso não ficou preso a esse movimento, seguiu em frente aplicando seu conhecimento e envolvimento com outros movimentos como podemos perceber nesse retrato de sua esposa Olga Khokhlova. Nessa época as obras de Picasso já eram procuradas e vendidas por altos preços. A família necessitava de pouco, em termos de conforto material, mas a estabilidade doméstica não duraria. Em poucos anos tanto Olga quanto Picasso se mostrariam insatisfeitos.
Aqui Picasso demonstra toda a sua habilidade para o desenho, quando realiza essa pintura de seu filho Paulo que ele teve com a dançarina Olga Khokhlova.
Pablo Picasso e o surrealismo…
Entre 1925 e 1938, após seu período clássico, grande parte da obra de Picasso está associada ao surrealismo. Mesmo participando de algumas exposições surrealistas a convite de André Breton, sua relação com o movimento foi bastante formal: com suas figuras distorcidas e volumosas, que lembram um pesadelo.
Em Mulher com uma Flor, Picasso representou um retrato de Marie-Thérèse, distorcido e deformado à maneira do surrealismo.
Maya com sua Boneca
Este retrato de sua filha Maya de três anos parece quase sinistro. É como se o trabalho de Picasso, agora assombrado pelos horrores da guerra, tivesse se tornado incapaz de recuperar a inocência da infância.
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