Eliseu Visconti

Eliseu Visconti é considerado um dos artistas brasileiros mais importantes do período e o mais expressivo representante da pintura impressionista no Brasil. Foi um pintor, ilustrador e designer brasileiro, mais conhecido por suas contribuições à arte brasileira na virada do século XX.

BIOGRAFIA

Eliseo d’Angelo Visconti nasceu na Itália, em Giffoni Valle Piana no dia  30 de julho de 1866.  Mudou-se ainda jovem para o Brasil, onde se tornou figura de destaque no cenário artístico do país.

Em 1882, Visconti matricula-se no Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro onde inicia seus estudos em pintura. Seu talento despertou a atenção dos professores do Liceu, entre os quais o renomado artista acadêmico, Victor Meirelles. 

Em 1885, por incentivo do Imperador D. Pedro II em conhecer seu talento, ingressa também na AIBA – Academia Imperial de Belas Artes. Na Academia, Visconti passou a ter aulas efetivas com professores Victor Meirelles, José Maria de Medeiros, Zeferino da Costa, Henrique Bernardelli e Rodolpho Amoedo.

Em 1890, com a formação de uma assembleia realizada de 16 a 21 de junho, participaram alunos e professores da Academia, tendo como objetivo uma aproximação entre modernos e positivistas. E em meados daquele ano, um projeto comum, fruto de acordo entre os dois grupos, era encaminhado a Benjamin Constant, ministro do Interior encarregado da reforma da Academia. No mesmo ano, com a aprovação do governo da República pela reforma proposta, foi criada a Escola Nacional de Belas Artes e os dois professores da comissão Henrique Bernardelli e Rodolpho Amoedo, são nomeados diretor e vice-diretor respectivamente.

Em 1892 é realizado o primeiro concurso da República, tendo como prêmio uma bolsa de estudos na Europa. Eliseu Visconti participa e vence o concurso que tanto sonhara, sendo o primeiro pensionista da República pela Escola Nacional de Belas Artes.

Em Paris, estudou na École des Beaux-Arts,  e foi influenciado pelo impressionismo e pós impressionismo, principalmente pela obra de artistas como Claude Monet e Pierre-Auguste Renoir. O ano de 1893, em plena Belle Époque, predominava os impressionistas e os artistas ligados ao simbolismo e ao art nouveau; o inquieto Visconti certamente não passaria indiferente ao contato com essas correntes de pensamento que predominavam na Paris da virada do século XIX para o XX.

Em 1894, passou a frequentar apenas a Académie Julian, onde encontrara maior liberdade para executar as pinturas e desenhos utilizando modelos vivos. O artista modifica sua pintura tanto na temática quanto na linguagem formal, e consequentemente na técnica, seguindo os movimentos que estava tendo contato. Aproveitando-se do ambiente que o cercava, Visconti amplia e ilumina sua paleta, absorvendo nítidas influências do movimento impressionista, 

Nu Masculino. Eliseu Visconti. 1894

Em 1898, ao terminar o período de seu pensionato na Europa, o artista decide permanecer na França por conta própria. Só retorna ao Brasil, após a Exposição Universal de 1900, deixando em Paris a jovem francesa Louise Alexandrine Palombe, então com 18 anos de idade, seus pais não autorizaram que a jovem acompanhasse o artista em seu retorno ao Brasil. O casal precisaria de alguns anos para vencer a resistência dos pais da jovem e consolidar sua união, sendo ela sua companheira até o fim de sua vida.

Retrato de Louise. Eliseu Visconti. 1898

Em 1904, retornou à Europa, onde retoma sua atividade artística novamente na Académie Julian,. Em 1905, expõe no Salão de Paris, sendo apreciadíssimo como pintor de retratos, adquirida nos seus estudos de Diego Velásquez, que fazem de seus retratos, uma das pinturas mais perfeitas da história da arte do Brasil.

Visconti, um artista muito dedicado, executa várias telas de cavalete, dedicando-se à pintura ao ar livre, tendo como principal tema paisagens, que originaram as famosas pinturas “Jardim de Luxemburgo” e “Maternidade

Seu estilo evoluiu ao longo de sua carreira, mas ele é mais conhecido por suas paisagens impressionistas, retratos e obras alegóricas. Também atuou como designer, criando painéis decorativos, vitrais e outros elementos decorativos para prédios públicos no Brasil.

Sendo considerado por muitos como modernista, sua ausência na Semana de Arte Moderna de 1922, simplesmente por não ter sido convidado, porém acompanhou com interesse os acontecimentos do evento. Pietro Maria Bardi,  em entrevista à Revista IstoÉ, comentou: “Não foi convidado. Esqueceram o único realmente moderno de sua época, que era Visconti”.

Em 1944, o Presidente Getúlio Vargas ao visitar o Salão de Belas Artes na véspera da morte do artista, pergunta ao diretor do Museu, notícias do pintor. Ao saber da gravidade do estado de saúde de Visconti, disse o presidente : “Sinto aqui a falta de Eliseu Visconti. Lembro-me da palestra que com ele mantive nesse mesmo recinto no ano passado. Que mocidade possuía esse mestre de cabelos brancos! Tenho para mim que foi ele dos artistas mais jovens com quem falei.”

Faleceu aos 78 anos no Rio de Janeiro, em 15 de outubro de 1944. Ao longo de sua carreira, recebeu diversos prêmios e homenagens por suas contribuições à arte brasileira. Hoje, suas obras são muito conceituadas e estão expostas nos principais museus e coleções do Brasil e do mundo. Ele continua sendo uma figura importante na história da arte brasileira.

ARTE COMENTADA

Eliseu Visconti, moderno antes do modernismo – Sobre sua obra Avenida Central, paisagem que representa a modernidade brasileira, escreveu Paulo Herkenhoff: “Visconti adapta desafios da pintura impressionista ao clima do Rio de Janeiro. Os efeitos meteorológicos enevoados de Avenida Central – um filtro de refração solar na atmosfera úmida – levaram à questão, ainda que distinta, da serração ou ruço da Serra do Mar, como na pintura de Visconti e Guignard, e dos efeitos da neve que estão em pinturas brancas de Courbet, Monet e Cézanne…. A pintura de Visconti é profética da implantação da inexorável modernidade que ocorreria no Rio como em outras cidades. Nessa ótica, Avenida Central foi e é uma pintura fundamental para se compreender essa entrada para a modernidade no Brasil.”

Avenida Central. Eliseu Visconti. 1908

 GALERIA

Mamoeiro. Eliseu Visconti. 1890
Primavera. Eliseu Visconti. 1895
Recompensa de São Sebastião. Eliseu Visconti. 1898
Autorretrato. Eliseu Visconti. 1902
Jardim de Luxemburgo. Eliseu Visconti. 1905
Maternidade. Eliseu Visconti. 1906
Autorretrato. Eliseu Visconti. 1914

 

Na Alameda. Eliseu Visconti. 1931

 

Hino à Bandeira. Eliseu Visconti. 1940 – Localização: Pinacoteca do Estado de São Paulo

“Acredito que a Arte está em tudo no que nos rodeia, basta um olhar sensível para apreciar e usufruir das diferentes manifestações artísticas. A Arte é a grande e bela ilustração da vida.”

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